GRANDES DIRETORES

GEORGE  A. ROMERO, O HOMEM QUE DEU VIDA........AOS MORTOS....

Trailer:

Embora filho de pai cubano e mãe Lituana, foi no Bronx, em Nova Iorque em 1940 que George Andrew Romero nasceu. Foi a partir dos anos 60 que começou a fazer curtas e também comerciais para a TV. Alí, foi aprimorando a técnica de filmar, escrevendo roteiros, montando, iluminando, dirigindo, enfim....

Não demorou muito para que junto à alguns amigos fundasse a produtora "Imagen Ten Productions". E em 68, levantou pouco mais que 100 mil dólares e fez aquele que viria a ser aclamado pela crítica (embora tardiamente) e público como o pai de todos os filmes de zumbis da história do cinema: "Night of the Living Dead" (A Noite dos Mortos Vivos).

Embora já houvessem outras produções do gênero como "White Zombies" (Zumbi Branco), de 1932, dirigida por Victor Halperin e estrelada por Bela Lugosi, ou então "Revolt of the Zombies" (A Revolta dos Zumbis), de 1936, foi "Night of the Living Dead" quem deu status ao gênero e início a uma saga interminável de mortos-vivos comedores de gente, etaaa......

Numa fotografia reaista em preto e branco, conta uma história de mortos que saem de suas tumbas e começam a atacar pessoas, no caso, cinco delas ilhadas em uma casa de campo. Não é preciso dizer o impacto que a história, pouco usual, causou a partir de seu lançamento.

Apesar de ter um conteúdo macabro explícito, foi bem visto pelo público mas duramente criticado. Ainda mais à época, com vietnam, cultura hippie, essas coisas. O que aconteceu é que gerou uma enxurrada de outros filmes e de todas as nacionalidades. Não existe país que não tenha feito o seu "zombie".

O interessante na história é que o mote dos mortos reviverem foi causado pela queda de um satélite, e que se tornou comum a muitas outras produções de ficção ou de terror. Ou seja, a interferência de fatores extraterrenos sobre o planeta terra. Pronto, não precisava explicar mais nada. Já tinha uma causa, agora era mandar ver, e foi o que fizeram produtores de todos os matizes.

O que não faltou a partir de "Night...." foram remakes como "Night Of the Dead", de 1990, dirigido por Tom Savini. Em 2005, "Land of The Dead", também de Romero.

Em 1999 a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos registrou o filme como "historicamente, culturalmente ou esteticamente importante".

George A. Romero faleceu no dia 16 de julho de 2017. Embora morto, continua muito vivo entre nós.

 

 Filmografia:

1968 - Night of the Living Dead;

71 - There's Always Vanilla;

72 - Hungry Wives;

73 - The Crazies;

74 - O. J. Simpson. Juice of the Loose (documentário);

78 - Martin;

78 - Dawn of the Dead;

81 - Knightrider's;

82 - Creepshow;

85 - Day of the Dead;

88 - Monkey shines;

90 - Due Occhi Diabolic;

93 - The Dark Alf;

2000 - Bruiser;

2005 - Land of The Dead;

2007 - Diary of the Dead;

2009 - Survival of the Dead.

BUSTER KEATON NUNCA RIU, MAS VOCÊ SIM

 
Talvez, assim a grosso modo, a única coisa que Keaton não contava era a de ter nascido na mesma época de Charlie Chaplin, ocasionando uma comparação entre os dois que lhe foi desfavorável devido a grandeza de seu digamos assim, concorrente.
 
Joseph Frank Keaton Jr.  era o nome verdadeiro de Buster. Nasceu no Kansas em 1895 e desde cedo conheceu o mundo do "vaudeville", que era a mistura muito popular nos E.U. que juntava a arte circense e o teatro. Fazia parte do sket "Os 3 Keaton" junto a seus pais.
 
Depois de ralar muitos anos por cidades interioranas de seu estado e outros foi se aprimorando na arte da interpretação e chegou ao cinema então com 20 anos quando em Nova York, para onde havia se mudado, encontrou um amigo, o ator Roscoe Arbuckle que o convidou para trablhar com ele no filme "The Butcher Boy" (O Menino Açougueiro). O curta fez tanto sucesso que a dupla se consolidou para muitas outras produções.
 
Diz a lenda que o nome Buster lhe foi dado pelo famoso mágico Houdini, amigo de seu pai, que o viu ainda bebê de 6 anos rolar escada abaixo sem nenhum arranhão. Apelidou-o de "Buster - o destruidor".
 
 
Ainda jovem começou a escrever e dirigir uma sequência de curtas que cairam no gosto popular. São dessa época "O Espantalho", "The Goat", "The Paleface". E desde já mostrava um humor inocente porém irônico. O que se notava em suas produções era o vigor físico que demonstrava. Não tinha dublês. Saltava de trens, cavalos, edifícios, brigava, equilibrava-se em muros e parapeitos altos. Era um acrobata perfeito. Um cara de pau. Encarava tudo isso com agilidade e destreza.
 
No entanto, a imagem que ficou, pasmem, foi a do homem impassível, que mesmo trabalhando em comédias seu personagem jamais ria. Não movia um músculo da face. Por isso os apelidos que lhe davam: "O grande cara de pedra", "o homem que nunca rí". Dizia que ao não modificar sua expressão o expectador projetaria nele suas aspirações sentimentais, sensoriais e morais.
 
Em 1926 fez aquele filme que o tornou conhecido. Isso muito tempo depois. "A General" tornou-se um sucesso tão grande, isso hoje, porque na época foi um filme fracassado que nunca conseguiu se pagar. Seu público não estava acostumado até porque não era uma comédia pastelão e sim um filme de ação e com um viés político. Não vingou.
 
Em 1828 vendeu seu estúdio de produção para a M.G.M. Foi seu grande erro conforme confidenciou mais trde. Pois a partir daí tornou-se um ator assalariado, perdendo sua autonomia. Isso lhe ocasionou profundo desgosto que o levou ao álcool. E foi o período em que Chaplin deslanchava uma carreira meteórica onde Keton amargava roteiros medíocres e diretores prepotentes que nunca souberam explorar seu personagem com profundidade.
 
Seguiu no entanto, escrevendo para vários diretores entre eles os Irmãos Marx, que possuim um humor ferino e rasteiro. É dele "Uma Noite na Ópera' e "No Circo".
 
Depois de passar anos no ostracismo quem lhe veio resgatar como ator foi exatamente aquele com que rivalizara. Em "Luzes da Ribalta", de 52, Charlie Chaplin e Buster Keaton fazem uma 'gag' de 8 minutos em que interpretam dois velhos atores de "vaudeville" decadentes e obsoletos.
 
Keaton, que entre outras frases famosas disse que até em uma comédia poderia encontrar humor faleceu em 1965 e deixou para as novas gerações um legado que precisa e deve ser resgatado pela genialidade e inventividade de suas inúmeras produções em que participou como ator, diretor ou roteirista e até para que se faça justiça a um homem que acima de qualquer coisa amava o que fazia.
 
 
Tópicos:
 
  • Já em final de carreira participou de inúmeras produções. Entre elas "Deu a Louca no Mundo", de Stanley Kraemer, onde contracenou ao lado de feras como Cantinflas, Spencer Tracy, Mickey Rooney, Jerry Lewis, Peter Falk;
  • Foi ator nos famosos filmes de praia protagonizados pelo astro Frank Avalon, entre eles "Astronauta por Acaso" e "Folias na Praia";
  • Participou de inúmeros seriados para a TV como "Além da Imaginação", Sunday Showcase", "The Adventures of Mr. Pastry", "Lux Video Theatre" e muitos outros;
  • Fez parte do elenco de "O Crepúsculo dos Deuses", de billy Wilder de 1950 contrcenando com Williiam Holden, Gloria Swanson e Eroich von Stroheim.
 
 

KIAROSTAMI, QUE INVENTOU UMA NOVA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA

 
 
 
A morte de Abbas Kiarostami, ocorrida nesta semana pegou de surpresa o mundo da sétima arte, visto que o diretor iraniano estava, mesmo aos 76 anos, em plena atividade e capacidade criativa.
 
Mascido em 1940 em Teerã, Abbas concluiu o curso de licenciatura em Belas Artes e após migrou para o cinema. Foi em 1966 convidado a assumir o Departamento de Cinema do Instituto para o Desenvolvimento Intelectual da criança e do Adolescente.
 
O curta "O Pão e o Baco", de 1970, foi seu primeiro trabalho nessa área. Após, em 74, conclui "O Viajante", onde sua temática da busca pelos ideais começa a chamar a atenção.
 
Dono de um estilo próprio, principalmente nos planos longos e abertos, Kiarostami foi aos poucos moldando uma nova linguagem ao cinema. Seus personagens sempre se mostraram intimista, não convencionais, visionários, à margem da lei e em busca de seus sonhos.
 
Foi com "O Gosto da Cereja" em 1997 que vence a Palma de Ouro em Cannes. Nele conta a vida de um taxista suicida que procura uma pessoa para efetuar seu sepultamento. Foi considerada sua obra-prima. Reflexivo, complexo, realista, o filme é uma bofetada na cara da casta patriarcal política que dominava o Irã. Os lugares por onde Badii, o taxista transita, são secos, áridos, quase desertos, como secos e áridos são aqueles que encontra pelo caminha. 
 
Em 2005 recebe o Leopardo de Ouro pelo conjunto da obra no Festival de Locarno. Aqui já era considerado um dos grandes diretores contemporâneos, cujo realismo cinematográfico já se desvencilhada das amarras de seu país e ganhava o mundo.
 
 Seu último trabalho foi em 2012, no Japão. "Like Someone in Love", falado em japones, encerra a carreira desta cultuado poeta, roteirista, fotógrafo e cineasta de ascendência iraniana mas humanista universal.
 
 
Filmografia:
 
1970 - Na van Koutcheh (O Pão e o Beco), curta;
1972 - Zang-e Tafrih, curta;
73 - Tadjtebeh;
74 - Mossafer (O Viajante);
75 - Man Ham mitouna, curta;
76 - Rangha, curta;
76 - Lebassi Baray-e avossi;
77 - Gozaresh;
77 - Bozorgdasht-e mo'albem, curta;
77 - Az Oghate-e Faraghat-e Khod Chekou;
78 - Rah Hal-e Yekchlneh Stefadeh Koning, curta;
79 - Ghazieh-e Shekl, documentário;
80 - Behdasht-e dandan. curta;
81 - Be Tartib Ya Bedoun-e Tartib, curta;
82 - Hamshabri, documentário;
83 - Dandan Dard, curta;
84 - Avaliha, documentário;
87 - Onde Fica a Casa do Meu amigo;
89 - Mashgah-e shab, documentário;
90 - Close-up;
92 - Zendegi va digar hich;
94 - Através das Oliveiras;
1995 - A propos de Nice, La Suíte;
95 - Lumière e Companhia;
97 - O Gosto da Cereja;
97 - Taalad Nur, curta;
99 - O Vento Nos Levará;
2001 - ADC na África, documentário;
2002 - Dez;
2003 - Five dedicated to Ozu, documentário;
2004 - 10 0n Ten, documentário;
2005 - Tickets;
2005 - White Page, curta;
2006 - Rug, curta;
2007 - Cada um Com Seu Cinema;
2007 - Kojast Jaye Tesidan, documentário;
2008 - Shirin;
2010 - Cópia Fiel;
2010 - No, documentário;
2012 - Um Alguém Apaixonado.

 

SPIKE LEE, UM CINEASTA PRA LÁ DE ENGAJADO

 
 
Embora já tivesse feito alguns longas antes foi com "Faça a Coisa Certa", de 1989 que Shelton Jackson Lee botou suas manguinhas de fora no outrora fechado círculo de diretores autorais.
 
O filme além de ser indicado ao Oscar por roteiro original teve a ousadia de mostrar o dia a dia de uma comunidade negra num bairro de Nova York. E não era apenas uma questão de racismo, pois o filme foi além. Também mostrou a relação conflituosa dentro da comunidade, seus sonhos, seu olhar político e social, seus anseios, dissabores, enfim toda uma gama de questões além daquela abordada. E aqui entraram todas as minorias raciais como latinos, mestiços, orientais. Embora não tenha ganho o prêmio "Faça....." abriu as portas ao jovem cineasta.
 
Nascido em Atlanta em 1957 Spike pegou a época braba da segregação racial em seu país e também fora, como na África do Sul, que já era olhada por meio mundo com todas suas lutas e embates raciais. Foi porém no Brooklyn, para onde se mudou ainda cedo que o garoto tomou consciência de seu mundo, o que lhe abriu a cabeça e os olhos para todos os enfrentamentos que teria pela frente.
 
Formado em comunicação na Universidade de Morehouse onde também fez mestrado, precisou de uma ajuda financeira de sua avó para produzir e dirigir seus primeiros projetos, todos eles voltados ao tema racial.
 
Em 1990 lança "Febre da Selva" e em 92 "Malcon X", onde volta a bater forte na mesma tecla. Em Malcon, mostra a vida do famoso ativista que atuou nos anos 60 e sua luta contra a desigualdade social. Foi ácido ao extremo ao denunciar o descaso das elites brancas para com os problemas de seus irmãos negros. Mostra o descaso da sociedade para com uma raça oprimidada, escravizada e relegada a um segundo plano em seus anseios fundamentais. O filme estrelado por Denzel Washington, que ganhou o prêmio de melhor ator do New York Film Critics Circle e foi nomeado para o Oscar naquele ano teve uma carreira exitosa tanto nos Estados Unidos quanto fora. Foi inclusive selecionado pra preservanção no National Film Registry nos Estaods Unidos pela Bibliotgeca do Congresso como sendo "culturalmente, históricamente e estéticamente significante".
 
Cineasta de muitos filmes é claro que Lee não conseguiu manter o foco nos direitos em todos eles. Por isso foi muitas vezes criticado por comédias insossas e filmes mais leves. Mas isso não denigre sua causa e sua luta. Pelo contrário, o enaltece pelo seu engajamento e despudor de falar o que pensa como ocorreu no recente episódio do Oscar 2016 quando acusou a academia pela não indicação de nenhum ator ou diretor negro nas nomeações, inclusive se negando a participar da cerimônia.
 
Este é Shelton Jackson Lee, ou simplesmente Spike, que não leva desaforo pra casa e que compra briga com quem quer que seja e Tarantino sabe muito bem disso.
 
 
Filmografia:
 
  • 2015 - Chi-raq
  • 2013 - Oldboy
  • 2012 - Michael Jackson - Bad 25
  • 2012 - Go Brazil Go!
  • 2012 - Verão em Red Hook
  • 2009 - Miracle at Sta. Anna
  • 2006 - O Plano Perfeito
  • 2005 - Quando os diques se rompem: Um réquiem em quatro atos (When the leeves broke: A réquiem in four acts)
  • 2005 - Crianças Invisíveis 
  • 2005 - Jesus Children of America
  • 2005 - Miracles Boys (TV)
  • 2004 - Sucker Free City (TV)
  • 2004 - Elas me Odeiam, Mas me Querem 
  • 2002 - A Última Noite
  • 2002 - Ten Minuts Older - The Trumpet
  • 2002 - Jim Brown all American
  • 2001 - Come rin or come shine
  • 2001 - The Concert for New York Cityy (TV)
  • 2001 - A Huey P. Newton Story (TV)
  • 2000 - A Hora do Show
  • 2000 - The Original Kings of Comedy
  • 1999 - O Verão de Sam
  • 1998 - Freak (TV)
  • 1998 - Jogada Decisiva
  • 1997 - 4 Little Girls (Documentário)
  • 1996 - Todos a Bordo
  • 1996 - The Fine Art of Separating people from their money
  • 1996 - Garota 6
  • 1995 - Lumière et Compagnie
  • 1995 - Irmãos de Sangue
  • 1994 - Uma Família de Pernas pro ar
  • 1992 - Malcon X
  • 1991 - Febre da Selva
  • 1990 - Mais e Melhores Bluesd
  • 1989 - Faça a Coisa Certa
  • 1988 - Lute Pela Coisa Certa
  • 1986 - Ela quer tudo 
  • 1983 - Joe's Bed-Stoy Barbershop: we cut heads
  • 1981 - Sarah
  • 1980 - The Answer
  • 1977 - Last Huster in Brookly
 
Prêmios:
 
  • Nomeação ao Oscar de Melhor Documentário por "4 Little Girls", de 1999;
  • Nomeação o Oscar de Melhor Argumento Original por "Faça a Coisa Certa", de 1989;
  • Menção Especial no Festival de Berlim por "Get On The Bus", de 1996;
  • Menção Especial do Júri no Festival de Cannes por "Jungle Forever", de 1991;
  • Prêmio Cinema Jovem de Cannes por "She Gotta Have It", de 1986;
  • Nomeação o Prêmio Filme Negro de Melhor Argumento por "He Got Game", de 1998.

 

ETTORE SCOLA UM HUMANISTA A SEU DISPOR

 
O cinema contemporâneo deve muito a Ettore Scola, recentemente falecido. Nascido em Roma em 1931, foi um dos mais importantes diretores que surgiram na Itália do pós-guerra, país de monstros sagrados como Fellini, Antonione, De Sica, Lattuada, e tantos outros.
 
Começou estudando Direito, depois passou ao jornalismo e ao rádio, onde manteve contato com o pessoal citado, inclusive os neo-realistas, embora fosse de uma época mais recente.
 
Seu primeiro filme foi em 1664, a comédia "Fala-se de Mulheres". No entanto, foi com "Perdidos na África", de 69, que obteve seu primeiro êxito. 
 
Seus melhores trabalhos foram "Feios, Sujos e Malvados", de 76, "Um dia Muito Especial", de 77, "O Baile", de 83 e "A Família", de 87. Scola sempre teve um perfil autoral, humanista, denso, onde se preocupava em mostrar as relações familiares como o foco principal de seu cinema. Foi um fiel escudeiro da cultura romana com seu olhar bondoso e terno sobre Roma, sua grande paixão.
 
Sempre fez duras críticas a políticos inescrupulosos, entre eles Sílvio Berlusconi. Dizia que "nem os políticos nem os intelectuais fizeram o suficiente para pará-lo. O pior é que a Itália não melhorará se Berlusconi morrer. Sua ideologia está enraizada".
 
Um de seus filmes mais impressionantes é "A Noite de Varennes" (Casanova e a Revolução), de 82, uma produção de época que mostra a fuga do mítico personagens dos acontecimentos políticos de 1791que assombravam Paris. Nele vemos um Casanova (Marcello Mastroiani) envelhecido, pálido, carregado de maquiagem, apático e atropelado pelos acontecimentos que varriam a corte naquela época. A atuação de Mastroiani é qualquer coisa fora do comum, num personagem deslocado socialmente,  brochado em sua arte erótica e fora do contexto histórico da época. Pra mim é um dos melhores filmes de Scola.
 
Seu último trabalho, de 2013, é o documentário "Que Estranho Chamar-se Federico", em homenagem a Fellini, a quem considerava um irmão mais velho.
 
 
Marcello Mastroiani em "Casanova e a Revolução"
 
Tópicos:
 
Recebeu os seguintes prêmios:
 
  • O César por melhor direção em "O Baile", e Melhor Filme Estrangeiro por "Nós Que nos Amávamos Tanto";
  • Venceu em Cannes com melhor direção por "Feios, Sujos e Malvados";
  • Indicado a Palma de Ouro por "A Noite de Varennes";
  • Recebeu o Urso de Prata em Berlim por "O Baile".
  • "Um Dia Muito Especial" foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Sua filmografia é a seguinte:
 
  • Fala-se de Mulheres, de 64;
  • La Conjuntura, de 65;
  • Pesadelo de Ilusões, 65;
  • Os Amores de Um Demônio, 66;
  • Perdidos na África, 69;
  • O Comissário Pepe, 69;
  • Ciúme a Italiana, 70;
  • Rocco Papaleo, 71;
  • Festival Della'Unitá, 72;
  • A Mais Bela Noite da Minha Vida, 72;
  • Festival Unitá, 73;
  • Trevico-Torino, 73;
  • Tão Amigos que Nós Éramos, 74;
  • Caroselo pela Campana referendária sul Divórzio, 75;
  • Feios, Sujos e Malvados, 76;
  • Senhoras e Senhores, Boa Noite, 76;
  • Os Novos Monstros (coletivo), 77;
  • Um Dia Muito Especial, 77;
  • O Terraço, 80;
  • Fosca, Paixão de Amor, 81;
  • Casanova e a Revolução, de 82;
  • Vorrei Che volo, de 82;
  • O Baile, 83;
  • O Adeus a Enrico Berlinguer (documentário), de 84;
  • Macheroni, 85;
  • Imago Urbis, 87;
  • A Família, 87;
  • Splendor, 88;
  • Che Ora É?, 89;
  • A Viagem do Capitão Tornado, 91;
  • Mario, Maria e Mario, 93;
  • A Viagem de Um |Jovem Homem Pobre, 95;
  • I Corti Italiani, 97;
  • O Jantar, 98;
  • Concorrência Desleal, 2001;
  • Um Outro Mundo é Possível, 2001;
  • Lettere dalla Palestina, 2002;
  • Gente Di Roma, 2003;
  • Que Estranho Chamar-se Federico, 2013.

UM PERFECCIONISTA A SERVIÇO DO CINEMA

 
 
 
Nascido em Londres em 1908, David Lean tornou-se ao longo de décadas um dos mais respeitados diretores dentre os grandes mestres dessa arte. Mas até chegar a isto exerceu atividades que pouco lhe acrescentaram, como por exemplo a de contador, que não lhe trouxeram nenhuma satisfação, já que sempre que podia ia buscar nos cinemas de seu bairro alívio para este ofício que achava repulsivo. 
 
Foi nesses lugares que tomou conhecimento com o cinema mudo americano, onde assistiu películas do diretor Rex Ingram, entre elas "Os 4 Cavaleiros do Apocalípse" e "Mare Nostrum".
 
Foi com 19 anos que obteve um emprego nos estúdios Gainsborough como segurador de claquete e daí passando a assistênte de câmera e assistente de direção. Foi aprendendo tudo o que podia. Foi montador  do diretor Michael Powell e a partir daí seu nome começou a aparecer no mercado britânico. Trabalhou também com os diretores Gabriel Pascal e Anthony Asquith.
 
Foi somente em 42 que co-dirigiu "Nosso Barco, Nossa Alma", ao lado de Noel Coward. Depois vieram "This Happy Breed", de 44, "Bithe Spirit", em 45 e também nesse ano dirigiu "Desencanto", um drama sentimental que foi bem recebido pela crítica e pelo público e que venceu o Festival de Cannes daquele ano.
 
 
 
David Lean sabia como ninguém contar uma história, já que conhecia todas as linguagens do cinema. Sua técnica em grandes planos, elaborado detalhadamente e discutido à exaustão com seus colaboradores resultou num perfeccionismo odiado por uns, principalmente produtores, porém admirado pelo público que sempre recebeu bem suas produções. São inúmeras as histórias de Lean à espera do pôr-do-sol ideal ou da luz perfeita, que levavam dias e dias e que exasperavam os grandes estúdios, principalmente os hollywoodianos. Isso elevou épicos como "Lawrence da Arábia" ou "A Ponte do Rio Kwai" a patamares realmente impressionantes, que receberam inúmeros Oscars (sete, cada um), além de outros prêmios.
 
Mesmo tendo realizado um belo trabalho em "A Filha de Ryan", em 1970, o filme tornou-se um fracasso nas bilheterias o que levou o diretor a um longo período de inatividade. Foi somente em 1083 que o velho mestre fez aquele que seria seu último filme, "Passagem Para a Índia", baseado no romance homônico de E.M. Foster.
 
Em 1984 recebeu o título de "Cavaleiro do Império Britânico" Ele também tornou-se o diretor mais representativo na lista do British Filme Institute, com um total de sete filmes, que em 1999 entraram em uma lista com os 100 melhorers do século XX. 5 deles ficaram entre os 30 primeiros e 3 entre os cinco.
 
David Lean faleceu em 1991 em Londres.
 
 
 
Tópicos:
 
Filmografia:
  • Nosso Barco Nossa Alma, 1942;
  • Esta Nobre Raça, 44;
  • Uma Mulher do Outro Mundo, 45;
  • Desencanto, 45;
  • Grandes Esperanças, 46;
  • Oliver Twist, 48;
  • A História de uma Mulher, 49;
  • O Grito da Carne, 50;
  • Sem Barreira no Céu, 52;
  • Papai é do Contra, 54;
  • Quando o Coração Floresce, 55;
  • A Ponte do Rio Kwai, 57;
  • Lawrence da Arábia, 62;
  • A Maior História de Todos os Tempos, 65;
  • Doutor Jivago, 65;
  • A Filha de Ryan, 70;
  • Passagem para a Índia, 1984.
 

JOHN FORD, NINGUÉM FILMOU TANTO QUANTO ELE: 145 FILMES

Veja o trailer:

Nascido em Maine, em 1894 com o nome de Sean Aloysius O'Fearna, ou talvez John Martin Feeney, mais tarde conhecido como Jack Ford e posteriormente John Ford, foi e continua sendo um dos 10 maiores cineastas em qualquer lista do gênero.

Na sua juventude em Portland conduziu carroça entregando peixe, depois foi entregador e publicista de uma fábrica de calçados e a noite era lanterninha no Teatro Jefferson e também no Ponto do Jóia. 

Foi somente na Califórnia, já com o nome de Jack Ford que por intermédio de seu irmão Francis, que era diretor, iniciou na carreira de ator, isto em 1914. Seu primeiro filme foi "The Mysterious Hand". Após 10 filmes e 3 seriados começou na direção com "The Tornado", de 1917, onde também foi ator.

Entre 1917 e 19 já dirigira 31 westerns, todos pelo estúdio Universal. Foi em 1923 com "The Kirby" que foi creditado como John Ford e em 1924 fez "The Iron Horse", um brilhante épico aclamado pela crítica.

Dirigindo Tom Mix e Buck Jones no filme "Three Bad Men", de 1926 que encerrou sua fase no cinema mudo. Na década de 30 fez parceria com o popular comeciante Will Roger com quem fez 3 filmes. Foi somente em 1935 que recebeu seu primeiro Oscar por "The Informer". Foi em 39 que fez "No Tempo das Diligências", que deu enorme crédito ao gênero considerado de 2ª linha.

Foi ainda nesse ano que realizou sua primeira produção a cores, "Ao Rufar dos Tambores" e também "A Mocidade de Lincoln e "As Vinhas da Ira", mais duas elogiadas produções, então em preto e branco. "As Vinhas da Ira" recebeu 5 indicações ao Oscar entre eles o de direção.

Com a entrada dos Estados Unidos na guerra Ford foi nomeado chefe do núcleo de fotografia de campo do Departamento de Serviços Estratégicos, mais tarde CIA, e realizou registros para arquivo e também documentários de campo. 

Após esse período fundou seu próprio estúdio, o Argosy Pictures. No entanto, o primeiro empreendimento, "O Domínio de Bárbaros" tornou-se um rotundo fracasso e o diretor teve de voltar ao western para evitar a falência.

Domo de um estilo truculento, foi demitido da Warner após ir as vias de fato com o ator Henry Fonda a quem dirigia na produção "Mister Roberts", o que o levou a ficar anos recluso das atividades tendo por companhia apenas a bebida. Seu retorno se deu em 1958 com o excelente "Rastros de Ódio", um portentoso western com seu ator preferido, John Wayne.

Na década de 60 sua saúde agravou-se devido ao uso abusivo do álcool e fumo. Sua visão começou a deterior-se e sua memória já não era a mesma. Mesmo nestas condições ainda fez os elogiados "Audazes e Malditos", "O Homem que Matou o Facínora", "Crepúsculo de uma Raça" e "Sete Mulheres".

Foi em 1973 que o ator veio a falecer, na Califórnia, depois de deixar um legado de 145 filmes como diretor e 13 como ator, com certeza uma marca que ninguém ultrapassou.

Tópicos:

  • Recebeu nome indicações ao Oscar e ganhou 5.
  • 2 Glogos de Ouro.
  • Duas nomeações especiais no Festival de Veneza.

 

O ESTRANHO MUNDO DE..... ZÉ DO CAIXÃO, OU COFFIN JOE, OU............

 

Assista o trailer:

Zé do Caixão, Coffin Joe, José Mojica Marins, não interessa o nome, na realidade o cara virou mito, se bem que endemoniado, mas mito.

Marins nasceu em 1936, em Vila Mariana, São Paulo, e virou personagem do cinema marginal feito naquele estado, encarnando o Zé do Caixão em inúmeras produções onde foi roteirista, ator, diretor, produtor e o escambau.

Se valendo de um perfil amoral, sádico, maníaco, sua criação se fundiu com o criador e por muito tempo não fez questão de mostrar quem  era um e quem era o outro.

Zé sempre procurou por uma coisa só: sangue; não interessa se de virgem, jovem ou balzaquiana, desde que fosse vermelho. Como disse num de seus diálogos: “sangue não tem idade”. É claro que seu personagem tupiniquim tem um acento do conde Drácula, ou de Nosferatu (as unhas compridas), mas isso não diminuiu o potencial da criatura.

Sua primeira produção data de 1963 “A Meia Noite Levarei Sua Alma” onde já dizia a que vinha. O filme narra a história do coveiro Zé do Caixão numa cidadezinha do interior atrás das namorada de seu melhor amigo, já que sua mulher não consegue lhe dar um rebento. 

O filme foi rotulado de tosco, vulgar, talvez porque no imaginário brasileiro nunca houve um personagem que encarnasse o mal dessa maneira. Por isso que sua a produção foi execrada por uma certa crítica engajada.

Em 1966 com “Esta Noite Encarnarei Teu Cadáver” deu continuidade a história do anterior. Foi somente em 2008, após trinta anos sem filmar que Mojica encerrou a trilogia com “Encarnação do Demônio”, já com um orçamento a altura de suas necessidades.

No tempo das vacas magras, ou seja, de aperto financeiro, com a Embrafilme fechando as portas para novas produções e sem ter de onde obter financiamento, Mojica se meteu no mercado pornô, em ascenção naquela época e mandou ver também nesse genero, mostrando que é pau (ops) pra toda obra.

O interessante é que lá pela metade da década passada ele foi redescoberto pelo cinema norte-americano e seus filmes passaram a ser exibidos nos Estados Unidos com seu Zé virando “Coffin Joe”. A partir daí virou cult. Aliás, o cara merece.

Tópicos:

Filmografia:

 1963 – A Meia-Noite Levarei Sua Alma

           – Sina do Aventureiro

1965 – O Diabo de Vila Velha

1965 -  Pesadelo

1966 -  Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver

1967 – O Estranho Mundo de Zé do Caixão

1968 – Trilogia do Terror

1969 – O Despertar da Besta

1970 – O Ritual dos Sádicos

         - Finis Hominis

         _ Sexo e Sangue Na Trilha do Tesouro

1972 – Dgajão Mara Para Vingar

         – Quando Os Deuses Adormecem

1974 – Exorcismo Negro

          - A Virgem e o Machão

 1976 -  Mulheres do Sexo Violento

          - Como Consolar Viúvas

1977 – Inferno Carnal

 1978 - A Mulher que Põe a Pomba no Ar

          - A Deusa de Mármore

          - Delírios de um Anormal

1979 – Perversão

         - O Mundo-Mercado do Sexo

1980 – A Praga

1981 – A Encarnação do Demônio

1983 – Horas Fatais – Cabeças Cortadas

1984 – Quinta Dimensão do Sexo

1985 – 24 Horas de Sexo Explícito

1986 _ A Hora do Medo

         - As duas Faces de um Psicopata

         - 48 Horas de Sexo Alucinante

1987 – Dr. Frank na Clínica das Taras

         - Demônios e Maravilhas

1988 – Trilogia do Terror

2008 – A Encarnação do Demônio

Como ator participou de 27 produções, sendo dirigido por Maurice Capovilla, Ivan Cardoso, Rogério Sganzerla, Alain Fresnot, entre outros.

Prêmios: Com “A Meia-Noite Levarei tua Alma” (O filme está disponível no You tube

  • Prêmio Especial no Festival Internacional do Cine Fantástico y de Terroor Sitges (Espanha), em 1977
  • Prêmio L’Ecran Fantastique para originalidade em 1974.
  • Prêmio Tiers Monde da Imprensa Mundial, na França em 1974.

Com “Encarnação do Demônio”

  • Recebeu mais Oito premiações em diversos festivais, entre eles o Prêmio do Júri Jove do Sitges – Catalonian International Film Festival em 2008 e o Prêmio Fantasporto, por carreira e Conjunto da Obra em 2000.

 

 

 

 JIM JARMUSCH, O TALENTO A SERVIÇO DO CINEMA

 

Stranger than Paradise. Trailer

Nascido em 1953, na cidade de Akron, Ohio, este realizador norte-americano se firmou ao longo de três décadas e meia como um dos mais inventivos cineastas da nova geração. Dono de um estilo próprio de filmar, Jarmusch amealhou durante esse tempo um sem número de prêmios que atestam a sua inventividade e criatividade atrás de uma câmera.

Senão Vejamos: ganhou o Festival de Cannes de  2005 por “Broken Flowers”, o prêmio Especial do Júri no Sundance Film Festival por “Stranger Than Paradise” em 1984, além de ganhar o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno pelo mesmo filme, que lhe valeu a exaltação da crítica mundial para uma produção então independente. Aliás, dinheiro nunca foi problema para o diretor que sempre disse que a criatividade independe disso. E assim foi criando obras idiosincráticas, dentro de um visual moderno, pondo por terra alguns dogmas enraizados dentro do cinema americano.

Jim sempre se cercou de uma equipe afinada, tanto de roteiristas como de diretores de fotografia, produtores, e elenco escolhido a dedo. Dentro desse seu intimismo produziu alguns dos mais instigantes filmes que o mundo aprendeu a admirar como “Down By Low”, “Coffe and Cigarrets”  e a sua última produção “Only Lovers left Alive”, uma história estilizada sobre vampiros no mundo moderno.

Jim estudou cinema em Nova York e antes mesmo de concluir seus estudos já realizava a sua primeira produção “Permanent Vacation”, de 1980. Mas foi em 82 que fez aquele que é considerado um marco dentro da sua filmografia “Stranger Than Paradise”, e que lhe valeu muitos premiações em diversos festivais. Aqui o diretor mostra uma câmera quase imóvel, uma história que parece não ter história sobre dois personagens que se deslocam até a Flórida apenas para passar o tempo, isso tudo filmado em planos que parecem não ter ligação entre si, que não se resolvem, que não dão noção de continuidade, gerando uma sensação de vazio, de estranhamento tanto no espectador quanto nos personagens, como se as estradas e as paisagens os mantivessem presos, sem movimento. É como se fosse um road movie sem ação, sem solução e sem nexo. Mas isto tudo é apenas aparente pois na realidade o filme tem uma intensidade que Jarmusch explorou na atuação dos atores, cada qual dentro de uma linha de improvisação.

Talvez por ter trabalhado muito com bandas de música Jarmusch soube explorar uma nova linguagem dentro do cenário americano, incorporando todos os elementos possíveis de uma sociedade embalada pelo tédio, pela monotonia e pela falta de objetivos definidos. Enfim, Jarmusch é estiloso e isso ninguém pode negar.

FILMOGRAFIA:

  1. Permanent Vacation, 1980;
  2. The New World, 81;
  3. Stranger Than Paradise, 82;
  4. Down By Law, 86;
  5. Doffe and Cigarettes, 86;
  6. Mystery Train, 89;
  7. Coffe and Cigarettes -  Memphis Version 89;
  8. Night on Eart, 1991;
  9. Coffe and Cigarettes – Somewhere in Califórnia, 93,
  10. Dead Man, 95;
  11. Year of the Horse, 97;
  12. Ghost Dog: The Way of the Samurai, 99;
  13. Tem Minutes Older: The Trumpet, 2002;
  14. Coffe and Cigarettes, 2003;
  15. Broken Flower, 2005;
  16. The Limits os Control, 2009;
  17. Only Lovers Left Alive, 2013.

 

 

       SERGIO LEONE, O REI DO SPAGHETTI

 

Assista o trailer aqui:

Com 18 anos começou a trabalhar na indústria das artes cinematográficas  como assistente de direção de alguns mestres, entre eles Vittorio de Sica, Luigi Comencini e outros.

Seu primeiro longa foi O Colosso de Rodes, um belo épico B, em que Leone já demonstrava suas habilidades detrás de uma câmera.

Mas foi em 1964 que ele fez uma pequena obra-prima, a primeira de três, onde buscou o iniciante Clint Eastwood para seu título Por um punhado de Dólares. O filme já mostrava um diretor com uma nova estética para o gênero americano, do qual Leone era fã, com planos abertos, muito zoom, longos closes e uma mis-em-cene como talvez só ele soube usar dentro do gênero e que virou mote para uma legião de seguidores. O filme varreu o mundo, num sucesso estrondoso, e embora demorasse chegar a América, quando o fez, deixou o pessoal aturdido devido a qualidade e inovações que introduziu: ações coreografadas com música pontual (muitas delas do mestre Enio Morricone), muito sangue (impensável para o cinema americano), controle total da atuação dos atores, e cenografia das mais apuradas. Nas cenas os elementos visuais tem tanta importância como os personagens, acrescentando veracidade e robustez à história. Para isso buscou sempre atores americanos para seus projetos como Henry Fonda, Charles Bronso, James Coburn, Rod Steiger e outros.

Foi de seus filmes que tiraram a expressão Spaghetti Western, expressão um tanto chula para denominar as produções que sugiram na Itália depois de Por um Punhado. Se bem que nem um outro cineasta conseguiu seu apuro visual e acabamento, mas fizeram muito sucesso com filmes como Ringo, Django e outros.Depois de Por uns Dólares a Mais, de 65, Sergio Leone conseguiu o ápice de sua carreira com Três Homens em Conflito (O Bom, o Mau e o Feio), onde consolidou sua fama e estabeleceu sua marca nunca ultrapassada por nenhum filme de ação produzido na Itália. Aqui, como nas vezes anteriores, contou com a presença marcante de Eastwood, secundado por um time de excelentes coadjuvantes como Eli Wallace, e Lee Van Cleef. A cena do duelo no cemitério é das mais aclamadas e mais bem editadas da história, com a câmera percorrendo os três pistoleiros em seqüências pontuais e tendo de fundo, mais uma vez, o petardo sonoro de Morricone, que ficou conhecido mundialmente como uma das trilhas mais soberbas do cinema. Não precisa dizer que mais uma vez o terceiro filme da trilogia ganhou o mundo e rendeu uma boa grana ao diretor, que já nesta altura se mostrava cansada e com receio de não conseguir repetir seus êxitos anteriores.

Seu último trabalho Era uma vez na América, em que levou 13 anos de preparação, foi filmado nos Estados Unidos e foi uma incursão do diretor no universo da mafia, tendo como atores Robert de Niro, James Woods, Joe Pesci e abriu caminho para que mais tarde realizadores como Martin Scorcese explorasse ao paroxismo o tema em outras produções.

Seus filmes são:

O Colosso de Rodes, de 1961

Sodoma e Gomorra, de 62;

Por um Punhado de Dólares, 64;

Por uns Dólares a Mais, de 65;

Três homens em Conflito, de 66;

Era uma vez no Oeste, 69;

Quando Explode a Vingança, de 71;

Meu Nome é Ninguém, de 73;

Trinity e seus companheiros, de 75;

Era uma vez na América, de 84.

 

 

ROBERT ALTMANN

 
Nascido na cidade de Kansas City, nos Missouri, em 1925, Robert Altmann fez muitas coisas antes de aterrisar em hollywood. Foi piloto de avião na Segunda Guerra, formou-se em engenharia, escreveu peças radiofônicas, fez filmes promocionais até que em 55 conseguiu dirigir  The Delinquents e no ano seguinte The James Dean Story, documentário sobre o ator simbolo da rebeldia da época.
 
Sem obter sucesso, Altman passou alguns antes dirigindo para a TV episódios das sérios Bonanza, Combate, e outros, até que em 1969 obteve um enorme sucesso com M.A.S.H. que mostra a vida num hospital de campanha durante a Guerra da Coréia. A produção ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1970. A partir de aí as portas se abriram e o diretor começou a trabalhar em outros projetos mais ambiciosos como Voar é com os Pássaros, Quando os Homens são Homens, um western autoral e depois Imagens, um thriller psicológico protagonizado pela atrizes Susannah York que ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes de 72.
 
No ano de 76 filme Três Mulheres, considerado um de seus melhores filmes, ao abordar a história de três personagens e suas preocupações num mundo onde o papel da mulher é relegado a um segundo plano numa sociedade machista e opressora. O papel coube asd atrizes Sissy Spacek, Shelley Duval (que trabalharia em muitos outros projetos do diretor) e Janice Rule.
 
É a partir de Nashville que havia filmado antes que o Robert encontra material para  Cerimônia de Casamento, onde o cineasta começa a usar, como em Nashville, várias estórias paralelas que começam a ficar interligadas a medida que o filme se desenrola. Aqui é usado um cenário único e o diretor mostra toida a pompa e circunstância que decorre dessa cerimônia secular. 
 
A carreira de Altman sempre foi pontuada por altos e baixos e aqui entra a produção de 1978 Quinteto um filme insosso e sem brilho estrelado por Paul Newman e Bibi Anderson. Também fracassada foi a produção da Disney Popeye que torrou mais de 20 milhões de dólares, um absurdo para a época e revelou-se pouco aprazível mesmo para uma plateia infantil que venerava o personagem.
 
 
A partir daí o começou a bater de frente com os grandes estúdios, que não queriam aceitar as excentricidades estilisticas do diretor e começa a ser boicotado pelas companhias exibidoras que não vem apelo comercial em suas produções. Mesmo diante de portas fechadas Robert Altman continua a filmar com baixos orçamentos como é o caso de Vincent and Theo que conta a dependente relação do pintor holandes e seu irmão.
 
E por ironia do destino, é com um filme satírico da própria indústria, O Jogador que ele começa a emergir novamente e ganha o prêmio de melhor Diretor em Cannes além do filme receber dois Globos de Ouro nas categorias comédia e ator (Tim Robbins).
 
Em 20 de novembro de 2006, em Los Angeles, faleceu aquele que nunca se curvou à indústria e fez valer seus pontos de vista, mesmo pagando um preço alto mas sendo cultuado até hoje como um dos maiores talentos da indústria de filmes.
 
FILMOGRAFIA: The Delinquents; James Dean Story; No Assombroso Mundo da Lua; Uma Mulher Diferente; M.A.S.H., Voar é com os Pássaros;  Quando os Homens São Homens; Imagens;  Um Perigoso Adeus; Renegados até a Última Rajada; Jogando com a Sorte; Nashville;  West Selvagem;  Três Mulheres; Cerimônia de Casamento;  Quinteto; Um Casal Perfeito; Saúde, Política do Corpo; Popeye; James Dean, o Mito Sobrevive; Exército Inútil; O.G. and Stiggs; Secret Honor; Lasundromat; Louco por Amar; Além da Terapia; Basements; Aria; Vincent and Theo; O Jogador; MC Teague; Short Cuts; Prêt-à-Porter; Kansas City; Jazz'34; The gingerbread Man; Cookies Fortune; Dr. T. and the women; Gosford Park; The Company; Tabnner and Tanner; A Praire Companion.