FILMES QUE VOCÊ DEVE EVITAR PRA NÃO SE ESTRESSAR

''THE INTRUDER'', UMA PEQUENA OBRA-PRIMA DO MESTRE ROGER CORMAN

 
 
Falar de Roger Corman, sujeito nascido em 1926 em Detroit é, no mínimo, assim por baixo, um tanto quanto complexo. E isto se explica pela quantidade e qualidade de sua extensa obra, que abrange em torno de 400, sim eu disse 400 produções e umas 56 assinaturas como diretor. Isto sem mencionar sua atuação como ator e também a de escritor.
 
Bem, se você já ouvir falar de Edgar Allan Poe, foi Corman quem o levou para o cinema em filmes como "O Corvo", de 63, "Túmulo Sinistro", de 64, "O Castelo Assombrado", de 63, "Muralhas do Pavor, de 62 ou "O Poço e o Pêndulo", de 61.
 
Não teve gênero em que Cormam não tenha investido. Western, com "Five Guns West", de 55, guerra com "The Secret Invasion", 64, ficção com "Not Of This Eart", de 57, gangster  em "The St. Valentine's Day Massacre", de 67, além de todas as produções de terror em que Jack Nicholson começou a aparecer. Ou seja, não tem tema que Corman não tenha abordado.
 
Mas, a sempre tem um mas.... dentre todos eles uma jóia rara, por assim dizer, até pouco conhecida e quem viu não esqueceu. Trata-se de "The Intruder", produção de 1962. Já de cara dá pra dizer que o filme é estupendo, nada mais nada menos que isso, até porque não dá pra ficar adjetivando muito. Até porque não se compara com nada que ele tenha feito antes ou mesmo depois. É uma obra-prima e pronto. Você sai indignado, nevoso, estupefato tal o impacto que provoca. 
 
O tema é o racismo e como tal temos impressão de estarmos sentados num barril de pólvora em meio a uma festa junina com fogos pra todo lado. A qualquer momento pode ir tudo pelos ares.
 
Filmado em preto e branco, ele nos mostra a chegada a uma pequena cidade do interior sul dos Estados Unidos, no Missouri, de Adam Cramer, vivido por William Shatner, o futuro capitão Kirk de Jornada nas Estrelas. Vestido de branco, com um sorriso nos lábios, bem apessoado, se diz representante de uma sociedade de Washington e que quer se colocar a par de mudanças sociais que estão para ocorrer no local. 
 
A partir disso é que o rastro de pólvora é aceso. Adam começa a espalhar inverdades e maledicências que põe brancos e negros em pé de guerra. A situação torna-se sufocante e a odiosa caraterização do personagem passa a ser predominante na localidade. Dá para imaginar a polêmica que o filme causou quando de sua estréia, ainda mais numa década em que brancos e negros mal podia se olhar. 
 
Embora bem recebido no Festival de Veneza daquele ano, foi um retumbante fracasso comercial. O tema, notoriamente anti-racista, estava longe de uma acolhida pelo público de modo geral, ainda mais no continente americano. 
 
Dono de uma frase antológica "tens de ser um homem de negócios para entender de Arte e um artista para entender de negócios", este senhor de 91 anos e ainda trabalhando, é cultuado por uma geração inteira de cineastas como Martin Scorcese, Francis Copolla, James cameron, Spielberg e tantos outros, tem em "The Intruder" uma ótima razão para ser mais reconhecido ainda por novas gerações, tanto pelo tema como também pela sua habilidade de fotografar, enquadrar, dirigir atores, escolher trilhas sonoras e tudo mais que uma produção requer. O Homem é um fenômeno, e "The Intruder" atesta isso.
 
 
 
Tópicos:
 
  • Elenco: William Shatner, Frank Maxwell, Beverly Lunsford, Leo Gordon, Charles Barner, Jeanne Cooper;
  • O roteiro foi escrito a partir da obra de Charles Bearmond, "The Intruder", de 1958;
  • Foi produzido por Edward Small, da United Artists;
  • Foi filmado durante três semanas e meio nas cidades de East Prairie, Charleston e Sikeston,
  • Foi o único filme em que Roger Corman perdeu dinheiro:
  • O filme passou no final do ano passado numa sessão do Raros na Sala P. F. Gastal,
  • O filme está disponivel no canal You Tube.

"PLAN 9 FROM OUTER SPACE" É TÃO RUIM....MAS TÃO RUIM.... QUE CHEGA A SER BOM

 
 
Filmado em poucas semanas durante o verão de 1956, "Plan 9 From Outer Space", de Ed Wood, chegou as telas americanas apenas 3 anos depois, ou seja em 59. A produção conturbada, desastrada e com passagens hilárias tornou-se com o passar dos anos "cult", tamanha tacanhagem e bizarrices que mostrou na tela.
 
A história conta a odisséia de alienígenas que chegando a terra dão vida aos mortos para fazê-los dominar os vivos. Também queriam evitar a destruição do planeta e do sistema solar por uma bomba chamada "solobonite" que seria desenvolvida pelos terráqueos. 
 
Trazendo em seu elenco Bela Lugosi, doente, drogado, em fim de carreira e "morto", sim, pois morreria no início das filmagens, o diretor estadunidense que mais tarde ganharia o título de "pior diretor do mundo" se esforçou para fazer uma obra (?) bizarra e cheia de erros grosseiros e de continuidade que até hoje deliciam novos e antigos cinéfilos.
 
Aliás, a frase dita por algum crítico de que "certos filmes são tão ruins que chegam a ser bons" se aplica a "Plan 9" com perfeição. Como contou o diretor Tim Burton em seu filme "Ed Wood", de 1994, o diretor conseguiu financiamento para sua produção a muito custo e saliva  junto a membros de uma igreja Batista, prometendo que esta esta se tornaria em estrondoso sucesso comercial, até pela presença de Lugosi. E para isso aceitou, junto com todo o elenco e produção ser batizado pelas regras da congregação.
 
O que os caras não sabiam é que o ator, famoso por suas interpretações do conde Drácula, morreria no início das filmagens e como Ed tinha alguns takes filmados com ele em frente a sua casa e regando seu jardim com sua inseparável capa preta teve a sacada de usar um dublê com a capa erguida sobre o rosto durante as cenas em que aparecia. Hilário.
 
Então o que já da pra sacar é que o filme é divertido do início ao fim. Os atores, na sua maioria amigos do diretor, sem currículo e talento,  são ruins de doer. Além disso tem uma narração tipo séria e profética, parecendo uma superprodução bíblica, com um tom real e imponente.
 
Os cenários são qualquer coisa beirando entre a fome e a miséria. Lápides de cemitério falsas que caem durante as cenas, planos que se alternam entre dia e noite de uma cena para outra. A cabine do avião que mostra os terráqueos dialogando é qualquer coisa de infantilóide demencial. Assim como a nave alienígena, onde as salas sem controles e sem nada são separadas por cortinas. Os takes dos discos voadores mostram a pobreza total da produção. São pratos de papel balançando em frente a um céu pintado, aliás, mal pintado, ao fundo.
 
O que fica de tudo isso é uma história de amor ao cinema feita por um louco obstinado como só Ed Wood poderia poderia fazer. Nascido em 1924 em Nova Yorque e falecido em 78 na Califórnia, botou as regras cinematográficas de cabeça pra baixo em todas suas produções. O cara além de tudo era excêntrico e gostava de se vestir de mulher (não, ele não era gay, era  bizarrice mesmo), furtava na calada da noite cenários dos estúdios junto com sua equipe e tinha um papo e um poder de persuassão de qualquer um que lhe desse uma trela. Ia de religiosos a dentistas, bancos, enfim, qualquer um de quem pudesse arrancar financiamento. E o mais incrível é que conseguia.
 
Conseguiu uma filmogrfia extensa a custo de sua lábia e suas técnicas nada ortodoxas de filmar. Todos são ruins de doer mas sempre manteve o carisma e uma pose que se não lhe deram fama e dinheiro pelos menos conseguiu a alcunha de "pior de todos" o que convenhamos, não é pra qualquer um.
 
Tópicos:
  • O filme se encontra disponível no You Tube com legendas em português;
  • Elenco: Tor Johnson, (que era um lutador de ringues), Bela Lugosi, Criswel, (um vidente de quinta categoria), Maili Nuruni, (apresentadora de TV de filmes de terror), Gregory Walcatte, Duke Moore, Paul Marco.
  • Filmografia entre direção, roteiro e estórias:
  • The Streets of  Laerdo, 48;
  •  The Sun Was Setting, 51;
  • The Lawless Rider, 52;
  • Glen or Glenda, 53;
  • Crossroad Avenger, 53;
  • Jailbait, 54;
  • Bride of the Monster, 55;
  • The Violet Years, 56;
  • Plan 9 From Outer Space, 56;
  • The Final Curtain, 57;
  • The Night The Banshee Cried, 57;
  • The Bride and the Beast, 58;
  • Night of the Ghouls, 58;
  • The Sinister Urge, 59;
  • Shotgun Wedding, 63;
  • Orgy of the Dead, 65;
  • For Love of Money, 69;
  • One Million AC/DC, 69;
  • Operation Redlight, 69;
  • The Photografer, 69;
  • Take it out Intrade, 70;
  • The Under House, 71;
  • Necromania, 71;
  • The Undergraduate, 71;
  • Class Reunion, 72;
  • The Coctail Hostes, 72;
  • Dropout Wif, 72;
  • Fugitive Girls, 74;
  • 12 filmes for the sex education correspondent school, 75;
  • The Beach Business, 76.

OS 'MAIS RUINS' DOS 'PIORES' VAI FAZER VOCÊ REFLETIR SE VALE A PENA CONTINUAR VIVENDO.....

 
Para comemorar um ano do "Na Trilha..." resolvi usar um clichezinho muito batido e fazer uma lista dos piores dentre os mais ruins dos péssimos. E olha que dando uma pequena pesquisada não foi difícil. Existe tanto filme ruim que precisaria uma frota inteira pra carregar todos eles.... pro inferno. E não pensem que é só filme B, trash, boca-do-lixo. Tem cara oscarizado que bem poderia passar sem essa. Tem diretor de renome que embarcou numa canoa, ou melhor, num navio furado e afundou. Tem grande estúdio que faliu. Tem produtor e ator que pediu concordata. Tem gente que nunca mais conseguiu trabalhar no meio. Enfim, tem de tudo. Bem então vamos lá.
 

1) A Reconquista (Battlefied Earth).

Produção de 200 dirigido por um cara chamado Roger Christian e que teve John Travolta numa maquiagem de dar dó como um terráqueo que luta contra uma orbe de invasores elienígenas. O cara que queria promover um livro de cientologia torrou uma grana preta nesse mega fracasso. Inassistível.
 
 

 

2) Batman e Robin.

Esta produção de 1997 com Val Kilmer na pele do homem morcego não impediu o monumental fiasco. Dirigido por Joel Schumacher que tem alguns bons trabalhos em thrillers afundou literalmente ao dar um tom infantiloide a seus personagens. Participações de George Clooney e Arnold Schwarzenegger. Pra esquecer.
 

3) Cada um Tem a Gêmea que Merece

Se um Adam Sandler já é ruim imagina dois. Recordista em prêmios na Framboesa de Ouro esta produção de 2011 dirigida por Dennis Ducan só não consegue ser mais imbecil por falta de espaço. E o interessante é que até o Al Pacino embarcou nessa. De chorar....
 
 

4) Plan 9 From Outer Space

Esta produção de 1959 dirigida por Ed Wood, cultuado diretor considerado o pior cineasta do mundo e que virou cult conseguiu produzir uma pérola dentro de sua bizarra filmografia. Aqui alienígenas invadem a terra em busca de corpos humanos. É de um amadorismo de doer na alma e os atores não ficam atrás. Mal enquadrado, mal filmado, mal resolvido é muito mais do que você possa imaginar. Até Tim Burton se rendeu a Ed Wood e fez um belo filme sobre sua história onde conta, entre outras, sua esquisitice de se vestir de mulher. Vale a pena conferir antes de se internar.
 
 

5) Cinderela Baiana

O Brasil não poderia ficar de fora. Esta produção de 1988 dirigida por Conrado Sanches e que tem no elenco a tchan Carla Perez é segundo alguns um plágio de "Uma Linda Mulher". Ficou na intenção e é considerado por uma parte da crítica como um dos piores filmes já feitos no Brasil. Enquadramentos fora de lugar, péssima fotografia e um roteiro desprezível. Pra "não" esquecer. É isso mesmo, eu disse "não" esquecer pois um dia ainda mostraremos ele com a intenção de levar um primeiro prêmio dentre os mais "horroríveis'.
 
 
 

6) Jesus Cristo, Caçador de Vampiros

Quando você apenas imagina que já viu tudo.... aparece esta produção canadense de 2001 dirigidan por Lee Demarbre, que cocm certeza queimará no fogo do inferno para todo o sempre por tamanho atentado ao...  ao que mesmo?. Bom Jesus deve estar chamando. Custou a bagatela de 4 mil dólares. Deu no que deu. 
 
 
 

7) O Cérebro Que Não Queria Morrer

De 1962. É uma produção de humor negro e com uma história surreal dirigida por Joseph Green. É de ficar verde de raiva. Típico Sci-Fi. Uma mulher sofre um acidente de carro e um cientista decepa sua cabeça do corpo e a mantem viva. Hilário. Só vendo pra crer.
 
 
 

8) Ovelhas Assassinas

Produção da Nova Zelândia tornou-se bem sucedida por aquelas bandas. O fato se deve a que por lá existem 13 ovelhas para cada habitante, ou seja, 40 milhões para 3 milhões de pessoas. O filme mostra aquilo que poderia ser o pior pesadelo para um neo-zelandes: a revolta das bichinhas, quero dizer, das ovelhas. Segundo o diretor Jonathan King "a maioria das pessoas vê as mesmas à distância como pequenas bolas de lã na colina. Mas se você chegar perto elas são bem estranhas com cabeças duras e ossudas, olhos de lagarto e patas pequenas e afiadas". Haaa... então tá explicado. O público adorou e virou cult por lá e noutros lugares como Inglaterra e Estados Unidos.
 
 
 
 

9) Anaconda 2 - A Caçada Pela Orquídea Sagrada

Produção americana de 2004 dirigida por Dwight H. Little. Atores desconhecidos. Assim como o primeiro é muito ruim. Roteiro esdrúxulo, atores péssimos, fotografia chapada. A coitada da Anaconda deve estar se perguntando até hoje: "Meu Deus, como vim parar aqui".
 
 
 
 

10) Qualquer um do Eddie Murphy. Escolha.....

 
 
 
 
 
 
 
 

'O BEBÊ DE ROSEMARY'. O PIOR MEDO É AQUELE QUE VOCÊ NÃO VÊ

 
Em se tratando de cinema tem uma máxima que diz que se você pegar um diretor competente, um roteiro enxuto e bons atores isto pode dar um grande filme. 
 
Nem sempre. Porém aqui deu. É o mínimo que podemos dizer de "Rosemary's Baby", uma produção de 1968 do gênero terror dirigido pelo jovem e já brilhante Roman Polanski.
 
E nada de monstros, sangue, aberrações, aliens ou coisa desse tipo. Apenas um roteiro (escrito pelo próprio) baseado no romance homônimo de Ira Levin, publicado em 67 e pronto. Só isso, quer dizer, não só isso, tem algumas coisinhas a mais. 
 
O que tornou este filme um clássico do final da década de 60 foi o fato de mostrar o mal da forma mais natural possível, como se fossem pessoas normais, como eu, você, o vovô a vovó e aquelas com quem você convive no seu dia-a-dia. E isto, apenas isto já causou uma histeria tão grande que firmou um novo conceito no gênero terror dentro da indústria americana.
 
Na trama temos um casal que se muda para um prédio (o famoso Dakota) em Nova York e passa a conviver com seus amáveis e distintos vizinhos, sem saber que os mesmos pertenciam a uma seita satânica. Quando Rosemary Woodhouse (Mia Farrow) fica grávida é que o caldo entorna, mas não derrama. É sutil, gota-a-gota, lento, uma evolução sinfônica onde os elementos pouco a pouca vao se juntando conforme o maestro vai colocando os naipes de instrumentos, aqui, os personagens.
 
 
Guy Woodhouse (John Cassavets) marido de Rosemary de repente começa a conseguir trabalhos promissores depois de penar por um longo período de procura. As coisas começam a acontecer de uma forma mais fácil para o jovem casal.
 
Claro que com a ajuda dos bons e amáveis velhinhos vizinhos de porta, interpretados pelos notáveis Ruth Gordon e Sidney Blackmer que dão um banho de interpretação, sempre prontos  suprir as necessidades dos futuros pais.
 
Tendo sido classificado de terror à época de seu lançamento, os fãns do gênero ficaram um tanto quanto, digamos assim, decepcionados. Isto porque o terror nunca é visto, mas ele está em todos os fotogramas do filme. Ora numa foto, hora num canto escuro do apartamento, ou então num olhar mais aguçado ou mesmo até num gesto carinhoso de Guy para com sua esposa. Tudo é pura reflexão, percepção, aprofundamento interpretativo e que você vai absorvendo e armazenando tudo que está por acontecer. É tudo real, embora manipulado, mas sem morbidez, em uma premissa realista e objetiva.
 
Foi na contramão da indústria do entretenimento que "Rosemary's Baby" fincou raízes profundas. Mostrou, ou melhor, escancarou que mesmo as sociedades modernas estão ao alcance do mal, principalmente aquele presente em seitas ou sociedades secretas e ritualísticas. É o passado místico, oculto se tornando presente. Mas não um passado decrépito, enterrado, e esquecido. Não. É um passado que sobrevive através dos tempos e que está bem vivo e se perpetua mesmo em sociedades pagãs ou religiosas. É o anti-cristo revisitado, o contraponto de uma metáfora que perneia todo o pensamento religioso do mundo ocidental, não importa de que época. É o mal em sua essência mais profunda e temível. 
 
O filme marcou como uma das produções mais arrepiantes do diretor polonês Roman Polanski que vinha de três êxitos recentes, "Repulsa ao Sexo", "Armadilha do Destino" e "A Dança dos Vampiros", ou seja, numa carreira ascendente tanto de crítica quanto de público.
 
O que o tornou mais macabro ainda foi os fatos que sucederam na vida de Roman após esta produção e que marcaram para sempre a indústria cinematográfica como um dos piores horrores no mundo do cinema. Sua esposa Sharon Tate então com 26 anos grávida, foi brutalmente assassinada pelos seguidores da seita de Charles Manson, quando outras pessoas também foram chacinadas. E isto aconteceu não muiito tempo após o lançamento do filme e que fundiu uma realidade que se mostrava na tela da forma mais perversa e cruel e que veio marcar para sempre toda uma cultura de paz e amor sessentista. 
 
Apesar dos pesares, é um filmaço.
 
 
tópicos:
 
  • Elenco: Mia Farrow, John Cassavets, Ruth Gordon, Sidney Blackmer, Maurice Evans, Ralph Bellamy, Charles Grodin, Victoria Vetri;
  • Música: Krzysztof Komeda;
  • Roteiro: Roman Polanski baseado num livro de Ira Levin;
  • Ruth Gordon venceu o Oscar daquele ano na categoria de melhor atriz coadjuvante e também o Globo de Ouro;
  • Foi indicado ao Oscar como melhor roteiro adaptado;
  • Mia Farrow venceu o prêmio David di Donatello na Itália como melhor atriz estrangeira;
  • O produtor William Castle recebeu ameaças de morte por causa do tema Anticristo;
  • O edifício Dakota é  onde morava John Lennon quando  foi assassinado em frente ao mesmo.
 
 

O 'TINHOSO' GANHA STATUS NO FILME MAIS ASSUSTADOR DE TODOS OS TEMPOS

 
 
Da pra dizer que o cinema de terror se divide em antes e depois de "O Exorcista", produção lançada em 1973. Muitos aspectos contribuíram para a mitificação do filme. O primeiro foi o de ter caído em mãos do competente diretor William Friedkin, então um nome de credibilidade no cinema americano que vinha precedido do antológico "Operação França" e do autoral "Os Rapazes da Banda", uma correta incursão no universo gay, tema tabu naqueles idos.
 
Outro sustentáculo do filme era o de o roteiro ter sido assinado por William Peter Blatty, autor do livro que segundo o próprio era baseado em fatos reais ocorrido a um garoto de 14 anos no ano de 1949 e que nunca foi negado pela igreja embora tenha evitado de comentar.
 
A Isso soma-se um elenco de primeira encabeçado por Max Von Sydow, Ellen Burstyn, L.J. Cobb e a garota Linda Blair, que deram a produção uma dimensão jamais alcançada dentro do gênero. O que se tinha era o horror da Hammer com seus vampiros chupadores de sangue, lobisomens e garotas semi-nuas. Aqui não. Foi um verdadeiro divisor de águas (bentas?) na indústria de entretenimento. Jamais um outro filme mergulhou tão fundo no mundo do "demo" e seus circundantes. Nunca um roteiro foi tão detalhado, esmiuçado e aprofundado para contar a história da garota possuída pelo tinhoso. Nenhuma outra produção conseguiu o feito de levar o espectador quase ao paradoxismo do medo como aqui.
 
E não era um medo qualquer e sim aquele em grau mais profundo. O demônio aqui é real, explícito, perverso, nauseabundo e verossímel. O mal foi personificado como nunca dantes. Seus efeitos foram além dos limites já imaginados. A história de como o mal se infiltra no meio de uma típica família norte-americana tomou de estupor toda uma geração que viu, reviu e mesmo de quem não viu, pois não teve estômago e nem coragem para ver.
 
 
 
É basicamente uma história de fé, de confronto entre o bem e o mal, representado de um lado pelos padres Damien Karras (Jason Miller) e Merrin (Max Von Sydow) contra o capeta e suas múltiplas personalidades. É um mergulho dentro da própria igreja e suas lendas a respeito de exorcismos travados à séculos entre forças antagônicas e todo o papel mitológico que daí deriva.
 
Lenda aliás que acompanhou a produção já que durante as filmagens dizem que 8 pessoas que trabalhavam em setores diversos morreram, locações se incendiaram, pessoas foram acometidas de surtos psicóticos e de doenças misteriosas, etc... etc...
 
Claro que contribuiu para tudo isso a estratégia do diretor Friedkin que usou de diversos malabarismos para aterrorizar seus atores antes de cenas consideradas cruciais, deixando-os sempre em estado de estupor e medo. Dava tiros para o ar para quebrar a concentração dos atores, dizem que chegou a esbofetear um deles para conseguir um melhor realismo em uma determinada cena, colocou freezers gigantes no quarto da menina possuída para baixar a temperatura a níveis quase insuportáveis.
 
Isto tudo teve um resultado fora dos padrões, e causou no espectador reações completamente insanas. Muitas pessoas saíram em meio à exibição, chorando, outras histéricas, outros passaram mal e tiveram de ser atendidos por médicos. No Reino Unido muitas salas se recusaram a exibir o filme e o estúdio teve de colocar um serviço de ônibus especil para levar o público a cidades próximas.
 
A verdade é que o filme foi considerado o mais assustador de todos os tempos. E isto deve-se muito a um roteiro bem elaborado e a uma condução de extrema criatividade de seu diretor, crucial para um resultado tão intenso e aterrador. É uma aula de como fazer cinema. A história caminha de forma lenta, com várias tramas paralelas que no fim acabam se entrelaçando, verossímel, com fatos e feitos se encaixando de forma convicta e plausível.
 
O perfil psicológico dos personagens é bem trabalhado, principalmente o do padre Karras, atormentado pelo abandono de sua mãe num asilo, e de uma instituição que já não lhe aponta caminhos para sua fé claudicante e por isso mostra-se atormentado ao extremo. 
 
 
A relação de Chris (mãe) e Regan (filha) no início se mostra sadia e afetuosa, mas a medida que a menina passa a ter comportamente estranho abala de forma considerável a estrutura psicológica da mãe e de todos aqueles em seu entorno.
 
Numa época em que os efeitos ditos especiais não passavam de uma "tour de force" da equipe, foram as cenas da menina possuída que chocou e aterrou aos espectadores nunca dantes acostumados com tamanha violência explícita e escatológica. Foi perturbador. Causou polêmica. A própria Igreja fez manifestações e ponderações contra. A censura foi colocada em cheque. A própria industria precisou repensar o poder de persuassão que tinha em mãos. A questão da fé foi discutida e rediscutida a exaustão.
 
Embora já tivesse lido o livro antes de vê-lo confesso que também fui tomado de mêdo e desconforto não só durante a exibição, mas também depois. Pra mim a cena mais assustadora e emblemática do filme é quando o velho padre Merrin desembarca de um táxi em frente a casa em questão. Alí, parado na calçada, olha o ambiente e é iluminado não pela luz do poste que está a seu lado mas sim pela luz que se projeta do quarto da menina e o faz levantar os olhos e encarar o que lhe espera. É um olhar cansado, assustado, de quem sabe o que lhe espera e que talvez lhe traga consequências desastrosas. O velho padre conhece com quem está se metendo. 
 
É bom esse William Friedkin.
 
 
Tópicos:
 
  • Ganhou o Oscar de 1974 de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som;
  • Ganhou 4 Globos de Ouro;
  • Ganhou nas categorias de melhor filme de terror, maquiagem, efeitos especiais e melhor roteiro no Fantasy & Horror Films, da Academy Of Sciense Fiction;
  • Foi o 1° e único filme do gênero terror a ser indicado ao Oscar;
  • Teve sequências em O Exorcista II, O Exorcista III, O Exorcista - O Início, e Domíno: Prequela de O Exorcista;
  • O grunido do demônio foi captado de sons de porcos e vacas levados para o abate;
  • Foi controverso devido ao alegado uso de imagens subliminares, o que foi confirmado pelo diretor;
  • Linda Blair, a menina personagem nunca conseguiu se desvincular de seu papel e não conseguiu deslancha na carreira.
 

UM FILME PRA LÁ DE AMALDIÇOADO.....

Veja o trailer:

Tem alguns caras que de vez em quando fazem listas sobre os filmes mais cruéis, insanos, bizarros e esquisitos já feitos para a telona e entre esses não tem como não mencionar “Subconscious Cruelty”, produção de 1999.

Dirigido pelo canadense Karim Hussain mergulha fundo no inconsciente humano, fazendo aflorar as mais diferentes reações no espectador que vai do assombro ao espanto mesmo para aqueles iniciados nessa macabra cinefilia da insanidade humana.

Não tem como ficar indiferente a intensa brutalidade das cenas mostradas aqui. Mesmo aquelas produções que postei  como “Centopéia Humana”, “Nekromantik”, “Campo 731”, ou mesmo os endeusados “O Exorcista” ou os “Sexta-feira 13” da vida são contos da carochinha, histórias infantis perto da obra aqui descrita. Eu disse obra? Bom, deixa assim.

Bem dizendo é um filme perturbador ao extremo, onde o limite não tem parâmetros e não se encaixa em nenhum rótulo tipo trash, gore, terror, etc... etc... A produção flerta com símbolos e tabus como religião, sexo, gravidez, insanidades mentais e de uma forma direta, com objetivo de chocar. Basta dizer que foi censurado em muitos países, o que (e é sempre assim) tornou-se cultuado por um grande número de seguidores e desse tipo de película.

É claro que ao assistir você tem livre arbítrio para deixar o cinema, ficar enojado, perplexo, rir as pencas ou até dormir na poltrona tamanho é o grau de bizarrices, esquisitas, perversões e outros adjetivos.

Já no início um texto diz: “Realidade. Nos pega com seu ciclo de monotonia adormecedora. Envolve nossos sonhos e desejos com muitos obstáculos que se enlaçam com cruel ironia. Tentamos ocultar esta verdade com mentiras tais como o cinema, utilizando-o como um escudo de escape. Uma capa para abrigarmos as dificuldades incessantes lançadas em nossos caminhos. Certas películas podem tratar de absorver nossa energia negativa na esperança de manter nossas emoções obscuras. Porém essa luz não pode apaziguar nossos demônios por muito tempo. E a realidade humana sempre volta a revelar seu horrível rosto muito mais horroroso que qualquer filme que possa intentar retratar”.

Ele parte de um afirmativa cientifica que nos diz que o cérebro humano se divide em dois hemisférios. O direito que controla o instinto, a paixão e a criatividade e o esquerdo que controla a lógica e o aspecto racional.

Dito isto as insanidades tem início. Já na primeira seqüência denominada Ovarian Eyeball,  temos um olho extirpado não da face, mas do abdomen de uma mulher viva (será que o diretor andou vendo “Um Cão Andaluz”, de Bunúel).

Na segunda, Human Larvae, um rapaz acompanha a gravidez da irmã, dia a dia, noite após noite, em obsessão doentia e que sente um prazer mórbido ao vê-la fazendo amor com seus parceiros, tipo complexo de édipo irmanal (sic). Em realidade ele gostaria de transar com ela com o intuíto de criar uma nova vida, mas meus pensamentos acabam se desviando para obscuras intenções. Na cena em que ele extirpa o feto da irmã e o coloca sangrando em cima do rosto da mesma mostra não só a atmosfera opressiva da loucura em seu estado mais avançado mas também uma visão psicótica do mundo através de uma menta perturbada.

Na terceira seqüência, Rebirth, sem diálogos, somos levados a um estranho mundo de pessoas amantes, literalmente , da natureza que em rituais pagãos e com muitas cenas sugestivas de felação, estupro fazem sexo com a própria, digo a natureza. Aqui temos o complexo de culpa católico em imagens sacras e até um Cristo  atacada por um bando de ninfetas ninfomaníacas. Uau....

Na última seqüência denominada Right Brain, um cara frustrado sexualmente usa a masturbação como a [única forma de satisfação que lhe resta. E não é somente aí que o cara transita, pois seus sonhos são povoados de imagens bizarras onde seu membro é manipulado até sangrar.

Bom, não pretendo adentrar mais nessas bizarrices e  se você ta afim de ver um filme blasfemo ao extremo vai encontra-lo em alguma locadora mesmo fazer downloads, com certeza.É óbvio que a exibição em muitos países foi marcada por escândalos, protestos, tendo sido banido em alguns centros, mutilado emoutros e execrado em outros tantos, tornando-o um filme cultuado por muitos seguidores. A crítica, bem essa aqui não interessa muito, pois não está habituada a adentrar no abismo da consciência humana e o que ela tem de mais podre. A música minimalista de Terushiko Suzuki colabora para o clima asfixiante do filme.

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Tópicos:

  • Levou cinco anos para ser concluído;
  • Durante uma viagem do diretor do Canadá aos Estados Unidos os oiginais foram apreendidos como material ofensivo e nunca liberados. Claro que havia outras cópias;
  • Foi proibido em 90% dos países que permitiu uma primeira exibição;
  • É um filme amaldiçoado pois na sua única exibição no festival de Cinema FantásticoLitges na Catalunya, alguns “hooligans” cinéfilos provocaram uma briga generalizada nas dependências do festival que resultou em duas mortes e dezenas de feridos;
  • Em 2000 o diretor afirmou em uma entrevista que “Saló”, de Pasolini e algo como “A Noviça Rebelde” perto de seu filme.
  • Se você fizer login pode assistí-lo no You tube com legendas em espanhol.

A CENTOPÉIA HUMANA. O LIMITE DA MORBIDEZ

 

Assista o trailer:

De vez em quando aparecem  filmes que parecem querer mostrar que são mais escatológicos e assustadores que todos os outros já feitos, então os caras se esmeram em roteiros absurdos, histórias nojentos, repulsivas,  pra não dizer, insanas

Portanto, se você “tem um emprego, é o dito cidadão respeitado, e ganha, seja lá o que for por mês”, como diz o Raul Seixas, não veja este filme.... não veja...... veja outro: “Crepúsculo”, “O Senhor dos Anéis”, “Harry Potter”, "Cinderela".

“The Human Centipede: First Sequence”, do diretor holandês Tom Six, de 2009, está  além de banhos de sangue, cabeças, decepadas, jovens estupradas, serra elétrica e outras “cositas” mas. Não, não, ele também não tem parâmetros na filmografia de horror antiga ou recente.

Dizem que o diretor teve a idéia quando junto com alguns amigos disse que os pedófilos deveriam ter suas bocas costuradas a bundas de caminhoneiros gordos. Então ta, a partir daí ele escreveu e filmou.

       

O filme narra a história do Dr. Heiter (Dieter Laser) experiente em separação de crianças siamesas que resolve fazer o contrário. Unir pessoas costurando suas bocas ao ânus de outras e assim fazendo a tal centopéia que via gástrica, demonstraria a viabilidade de sua teoria.. Como já havia realizado a experiência em cachorros, resolve tentar com humanos. E não é que ele consegue. Ainda mais quando no meio da noite duas garotas americanas, perdidas, como sempre, resolvem bater às portas de sua mansão para pedir ajuda. Para completar o trio, ele consegue atrair um japinha pra sua mansão para juntar as garotas. Então temos um médico sádico que fala alemão, o japinha, que óbvio fala japones e as duas garotas americanas. Qualquer semelhança com as experiências nazistas do Dr. Menghelli é pura coincidência, né mesmo......

O filme passou aqui num Fastaspoa, não sei se a quatro ou cinco anos atrás e deixou o pessoal atônito com o que viu. Embora formado por um público experiente e ávido por novidades dizem que na sessão muitos deixaram o cinema. E, cá entre nós, não é lá muito fácil de aturar as quase duas horas de projeção de demências e insanidades do Dr. Heiter, alías, numa interpretação cheia de trejeitos o que torna sua figura mais sinistra ainda.

Então, morbidez à parte, se retroceder-mos à década de 20 teremos outras figuras dementes como o Dr. Caligari, de "O Gabinete do Dr. Caligari", de Robert Wiene, que já mostrava o horror dentro de uma abordagem mental, hipnótica,  de controle da mente de humanos forçados a cometer crimes ou então de outros filmes como "The Isle of Dr. Moreau", onde Marlon Brando interpretava um especialista em genética que fazia experiências com humanos e em nome da ciência cometia toda a sorte de atrocidades. 

Em realidade o que estava por trás dessas produções é que seus personagens possuiam motivações humanitárias e científicas e que portanto agiam com interesses de bem-estar social, não importando muito os meios que buscavam desde que conseguissem realizar seus intentos, e é nesse aspecto que as justificativas para tais atos deveriam ter sempre um profundo estudo psicanalítico para discussão em qualquer sociedade dita civilizada e talvez aí o homem poderia entender seu semelhante e não repetir barbáries cometidas ao longo de séculos de história

 

Tópicos:

  • O filme foi produzido na Holanda com baixo orçamento.
  • Elenco formado por: Dieter Laser, Ashley C. Williams, Ashlynn Yennie, Akihiro Kitamura, Rene de Vite.
  • O filme recebeu o Prêmio do Júri, no Austin Fantastic Fest e também como Melhor Filme no Screamfest.
  • O diretor também fez as sequências "The Human Centipede II" e "The Human Centipede III".

“MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CINEMA”.  É MARGINAL ATÉ A MEDULA

Assista o trailer:

Matou a Família e foi ao Cinema é talvez o filme mais iconoclasta que surgiu neste país, em 1969. Dirigido por Júlio Bressane, então com 23 anos e  feito em apenas 12 dias, não resistiu muito tempo em cartaz. A censura não deixou. As cenas de violência (ou matar um bebê com um tiro não o é?) deixou o pessoal completamente atônito e praticamente acabou com sua  carreira comercial.

Estéticamente era uma produção denominada, à época, de “cinema imperfeito”. Som direto, o que fazia com que muitos diálogos fossem inaudíveis, enquadramentos fora de foco, cenas sem som (pelo menos na cópia com legendas em italiano, que eu assisti e que segundo dizem a única que circula na internet), improvisação ao extremo por parte dos atores que muitas vezes conversam com personagens que não são enquadrados, tudo isso remetia a produção para o estilo “cinema marginal”, que começou a ser feito em São Paulo.

A estória se resume a um cara que vive com os país num minúsculo apartamento e não suporta mais a discussão do casal. Mata os dois a navalhadas e vai ao cinema assistir “Perdidas de Amor”, sobre duas garotas (Márcia Rodrigues e Renata Sorrath) que dialogam sobre o vazio de suas vidas e que acabam se apaixonando, com algumas cenas um tanto quanto avançadas para a época, como selinhos, pegação na banheira e algumas coisinhas mais. Isso cria uma metalinguagem entre as duas histórias,  em que o matador e as garotas refletem a desesperança e o vazio de suas vidas, já que elas também acabam se matando. É um filme dentro de outro filme. Mas isso, a princípio, não fica muito claro, ou seja, você fica meio perdidão entre as duas estórias, mas enfim, nada ali é muito explicável.

 

Ele não é fácil de digerir devido ao que se colocou lá no primeiro parágrafo, as tais “imperfeições”, que assim se apresentam para o telespectador menos desavisado mas que no fundo evidencia uma estética inovadora e agressiva por parte de Bressane que sempre buscou uma linguagem inovadora em seus mais de 30 projetos.

Júlio Bressane começou a filmar ainda criança quando ganhou uma câmera. Foi assistente de direção de Walter Lima Júnior em “O Menino do Engenho”, de 1965, para em seguida participar da criação do cinema marginal junto com Rogério Sganzerla. Dirigiu seu primeiro longa em 1967, “Cara a Cara”. Após fundarem a produtora Belair, produziram em apenas três meses  nada menos que sete filmes, entre eles “Matou a.......

Numa entrevista que concedeu em 2012 o cineasta falou: “eu me surpreendo com a minha sobrevivência no cinema. É um milagre sobreviver fazendo filmes criativos. E essa história de cinema marginal é muito comprida e desconhecida. Quem viveu, quem fez, ainda não narrou essa história, continua algo interdito”.

Entre outros Bressane fez “O Anjo Nasceu”, de 69; “Amor Louco”, de 71; “Cinema Inocente”, de 71; “O Mandarim”, de 95 e o premiado “Dias de Nietzsche em Turim”, de 2002.

Portanto, se quiser conferir o famigerado “Matou a Família e Foi ao Cinema”, ele está disponível  no You Tube. Mas cuidado, não vai te estresssar....

Só presta atenção pra não pegar o remake de Neville de Almeida, com Cláudia Raia. Aí meu, não resta outra coisa a não ser.... bom deixa pra lá.

 

 

 

QUANDO A MALDADE HUMANA ULTRAPASSA OS LIMITES

Assista o trailer aqui:

The Man Behind the Sun, ou Campo 731: Bactérias – A Maldade Humana, ou Hey Tay Yang, 731, não importa o nome, é um filme produzido pela China/Hong Kong e que mostra a face mais assombrosa da insanidade dos homens que se tem notícias, até porque foi baseado em fatos verídicos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial.

Dirigido por Tu Fei Mon, cujo nome verdadeiro é Godfrey Ho, é uma produção de 1988 feita pelos dois países, com a intenção de mostrar a verdade que se tentou ocultar num campo de prisioneiros mantido pelo Japão no nordeste da China. O Campo 731 era um programa de Guerra Biológica, dirigido pelo médico Shirô Ishi, mantido em segredo até das autoridades daquele país.

Todas as atrocidades possíveis e impossíveis foram cometidas naquele lugar sinistro, onde foram usadas cobaias humanas, principalmente cidadãos chineses, soviéticos e filipinos, que sofreram todo o tipo de degradação e experiências macabras que a mente humana doentia pode perpetrar contra um semelhante.

É um filme difícil de digerir, já que o diretor usou em sua produção, segundo dizem, até cadáveres humanos em cenas de dissecação, animais vivos devorados por ratos, dando uma veracidade atordoante nas cenas mostradas.

As barbáries cometidas iam do congelamento das cobaias expostas em temperaturas abaixo de zero, amputação de membros congeladas estando a pessoa viva, choques elétricos até a morte para conhecer o grau de resistência, câmeras de vácuo onde os intestinos são expelidos pelo ânus, dissecação de pessoas vivas sem anestesia, infectação de vírus e bactérias de toda a espécie como cólera, peste, tifo. Isto tudo era cronometrado, anotado, estudado pelos autores que tentavam buscar sempre o aperfeiçoamento de seus métodos. Se você ouviu falar dos experimentos nazistas, multiplique este aqui por 10 e terá uma idéia da brutal insanidade que foi cometida ali, tudo em nome de um desenvolvimento da guerra biológica.

Na verdade, o Campo 731 era denominado pelas autoridades pelo pomposo nome de Departamento de Epidemias e Purificação de Água. Isto tudo é mostrado de forma direta, seca, sem cortes, quase real, dando um aspecto de semi-documentário, chegando a ser comparada as produções denominadas de snuff, aquelas que  buscam mostrar a morte real de pessoas.

Outro dado que espanta é a deque tanto o governo norte-americano quanto o japonês, souberam das atrocidades ali perpetradas, no entanto mantiveram em segredo em troca de informações e dados, chegando inclusive a  não divulgar o nome dos torturadores. Só que não tardou muito para os fatos virem a tona através de depoimentos, cadáveres desenterrados, anotações não destruídas e soldados que presenciaram os acontecimentos e que relataram o que se passou nessa macabra unidade.

Bem, então se você tem estômago forte e ta a fim de assistir a uma obra verdadeiramente perturbadora, chocante, demente e por aí afora, este é o filme. Enjoy......

                                                                          

                                                                                        Shirô Ishi

TÓPICOS                                                                             

  • Tun Fei Mon é um diretor chinês que em 1949 se mudou para Taiwan onde freqüentou a escola de cinema desse país. Realizou toda a sorte de filmes desde fitas estilo neo-realismo italiano, de artes marciais, horror, e até pornôs soft.No currículo do diretor constam em torno de 12 créditos.
  • O filme teve mais 3 continuações, todas tratando sobre o mesmo tema.
  • A Banda de Thrash Metal Slayer se inspirou no filme para compor a música Unit 731.
  • No You Tube você encontra o filme em versão espanhol e inglês.

 

 

 

 

 

 

OS OLHOS SEM ROSTO, UMA NOTÁVEL OBRA PRIMA DO TERROR

 Assista o trailer aqui: 

Ao contrário de Nekromantik, realização calcada no gênero gore explícito, escatológica, esta é uma pequena obra-prima do gênero Thriler psicológico, que flerta tanto com elementos do expressionismo, e acaba como terror explícito, mas sem perder a pompa e a circunstância.

Lês Yeux Sans Visage (Os olhos sem Rosto) , é uma produção de 1960 entre a França e a Itália, foi baseada na obra de Jean Redon e tem na direção Georges Franju, cultuado diretor francês, um dos fundadores da Cinemateca de Paris.

O filme conta a história do Dr. Genessiér (Pierre Brasseur), que carrega a culpa por sua filha Christiane (Edith Scob) ter tido o rosto desfigurado num acidente em que foi causador. Como cirurgião plástico reconhecido, o médico carrega obcecadamente a idéia de fazer um transplante para devolver a beleza da jovem, devastada pela desgraça e que usa uma máscara um tanto quanto grotesca, e que não vê outra saída para sua vida a não ser o suicídio.

Até aqui temos o drama do pai dentro de um plano mental de remorso e culpabilidade, e que muda de figura quando o mesmo, com a ajuda de sua secretária Louise (Alida Valli, excelente) sai a procura de jovens bonitas para que possa fazer um transplante de rosto.

A partir daí o filme passa a explorar as deformidades mais obscuras da mente humana, pois embora seja um respeitado cirurgião chefe do hospital local, na verdade o médico mostra-se um psicopata sem escrúpulos, que não mede esforços em seqüestrar mulheres bonitas da redondeza para levar adiante seu intento, muitos dos quais resultaram em fracassos.

A cena que mostra o médico fazendo  uma de suas cirurgias  é uma das seqüências mais  macabras já vistas em filmes do gênero. Durante 6 minutos  vimos o procedimento com  um realismo atroz que eleva o filme aos patamares de uma produção gore, escatológica e macabra.

Não precisa dizer que o implante não dá certo, que o novo rosto de Christiane necrosa, que a jovem é tomada de pavor e desesperança, o que martiriza ainda mais a tumultuada relação entre todos os envolvidos na trama.

O final, com o médico sendo devorado pelos cães que mantinha no seu porão é de uma crueldade atroz, quase beirando as produções tipo B de estúdios americanos que faziam este tipo de pelicula à granel.

Vale ressaltar a excelente fotografia em preto e branco de Eugen Schufftan que dá ao filme um ar Noir dentro de uma atmosfera angustiante e grotesca, bem como a atuação dos atores, principalmente Pierre Brasseur, que burila um personagem contido porém ardiloso, afetivo mas psicótico.

O filme não foi bem recebido pela crítica na época, mas com o passar do tempo, como tantos e tantos outros foi se tornando comentado e ressaltado pelos amantes do cinema do gênero.

Vale destacar também e excelente trilha do mestre Maurice Jarre, que pontua com sincronia e perfeição todas as atmosferas exploradas.

 

Georges Franju nasceu em 1912, em Fougeres na França e morreu em 1987 em Paris e tem em seu currículo 24 longas. Começou em 35 com Lê Metro e seu último filme foi em 74, Nuts Rouge. Antes de entrar na indústria cinematográfica foi corretor de seguros, trabalhou numa fábrica de macarrão e militar na Argélia. Junto com Henri Langlois fundou a renomada Cinemateca Francesa em 1936.

 

 

 

 

NEKROMANTIK

 

Trailer: www.youtube.com/watch?v=q8iyMxTeB2Y

Se você é uma pessoa digamos assim dita normal, com escrúpulos, amante da natureza, ética, sensível, não veja este filme. Ele não é pra você. Mesmo que goste de um terrorzinho da Hammer como Drácula, Múmias, Lobisomens, ainda assim, ele não é pra você.

Agora se você você ta se lichando pro parágrafo acima e ta afim de assistir um filme nojento, podre (literalmente), que vai embrulhar seu estômago depois de uma bela feijoada então va em frente.

Lançado em 1987, esta produção alemã dirigida por Jorg Buttgereit conseguiu a proeza de ser banida em vários países sob a alegação de fazer apologia a necrofilia, que é o tema central do filme, o que não impediu, muito pelo contrário, ao longo dos anos o tornou conhecido pelos amantes desse tipo de produção denominada gore e que teve uma legião de seguidores  devido a seu impacto visual.

A história mostra o trabalho de uma equipe que trabalha para uma agência que recolhe corpos mutilados em acidentes de carros. Um deles, Joe, tem o gosto um tanto bizarro de levar pedaços desses corpos dilacerados para expor como enfeite em seu apartamento, onde vive com sua namorada Betty, que passa o dia em casa coçando o saco, ops!! Digo, não fazendo nada.

E assim a vida do casal segue tranqüila, monótona, até o dia em que Joe decide levar pra casa um cadáver apodrecido que ele retira do fundo de um rio. Cara, a namorada fica enlouquecida com o novo amiguinho e que, claro, vai apimentar a vida sexual do casal, numa cena, no mínimo insana.

E a vida segue tranqüila, “apimentada” para os pombinhos até o dia em que a namorada decide largar o rapaz e leva o cadáver junto. A partir daí o coisa engrossa, pois o rapaz não quer ser a parte traída e começa a transar enlouquecidamente com as partes de corpos que mantém em casa.

Um dia Joe decide transar com uma mulher, viva, e convida a moça pra ir até o cemitério. Lá suas “preliminares” são um tanto quanto radicais. Depois de tentativas infrutíferas a, digamos assim, disfunção erétil do rapaz faz com que ele estrangule a coitada só então conseguindo seu intento.

Bem a cena final é de uma bizarrice atroz. O cara, talvez atormentado por tanta insanidade decide suicidar-se praticando o ritual hara-kiri, enquanto se masturba. E então, o que achou? Ta a fim de ver?

Claro que existem outras cenas que realmente podem ter um impacto mais devastador como a morte de um coelho que sangra até morrer. Mas aí, se você entrou nessa não sei se a cena vai chocar mais ou menos do que as outras sugeridas.

A verdade é que este tipo  de produção, principalmente aquelas feitas na Alemanha na década de oitenta sempre teve um público pontual e seus criadores  sempre se lixaram para o falso moralismo da crítica e tocaram em frente seus projetos. Aliás, o filme teve uma seqüência Nekromantik 2, filmada em 91, pelo mesmo diretor, tão escatológica quanto a primeira.

 

 

 

 

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