ENTREVISTAS

DA MILONGA AO ROCK, BEBETO ALVES TRAÇA SUA TRAJETÓRIA MUSICAL EM ENTREVISTA  EXCLUSIVA AO 'NA TRILHA.....'

 
Nascido em Uruguaiana em 1954, Bebeto Alves sempre esteve à frente e ao lado de empreitadas musicais dentro da música gaúcha. E isto começou no finalzinho da década de 70, mais precisamente em 78, quando do lançamento do disco  Paralelo 30. E ele relembra essa época:
 
- Olha, desde lá na minha vida mudou muita coisa, embora eu ache que algumas coisas se mantém, como o espírito de percepção do que a música representava e o que que a gente tinha que fazer por ela, no caso fazer essa fusão da música regional com a música pop.
 
Tendo viajado pelo mundo e tocado com músicos de várias nacionalidades Bebeto ainda carrega na sua bagagem musical os sons do cara interiorano e que lhe impregnaram o espírito:
 
- É,  na verdade foi uma descoberta. Quando eu descobri que toda a música popular do mundo inteiro tinha uma raiz e que a música popular brasileira também estava toda fundamentada em raizes regionais eu saquei que essa era a única forma de que ela poderia se diferenciar de outras sonoridades da época, ou seja., manter essa bagagem cultural. E essa descoberta  é o que eu  tenho tentado manter até hoje.
 
Já nos anos 80 foi incorporando elementos do pop como bateria eletrônica, sistetizadores, que começaram a aparecer em discos como Novo País, Danço Só, Milonga de Paus e Paisagem, que traziam estilos como reggae, eletrônica e rock. Bebeto também discorre sobre o que torna a música gaúcha tão peculiar em relação ao que se faz no resto do país:
 
- Apesar  de todas as mudanças que ocorreram, talvez isso que falei antes é que torne a nossa música independente do resto do país, ou seja, ela vive por si só, ela não é dependente, embora eu ache que isso não deveria acontecer. Eu acho que existe um desentendimento do resto do país sobre o que a nossa música representa. Só que a parte mais dura disso passou, que é quando a gente buscava uma afirmação, buscava um contexto para a nosssa música no país. Hoje a gente não busca nada, entendeu. A música é e a gente é o que é e acabou.
 
Já nos anos 90 participou de uma trilogia dedicada a obra do compositor regionalista gaúcho Mauro Moraes, ao lado de músicos como Clóvis Boca Freire, Lúcio Yanel e Marcelo Caminha. Também nessa época participou do disco Porto Alegre Canta Tangos
lançado primeiramente na Argentina.
 
Atualmente Bebeto participa de dois projetos. O Juntos, ao lado de Nelson Coelho de Castro, Antonio Villeroy e Gelson Oliveira e também de Transplantados, um trio com Jimi Joe e King Jim.
 
 
 
Discografia:
 
Paralelo Trinta - 1978;
Bebeto Alves - 81;
Notícia Urgente - 83;
Novo País - 85;
Pegadas - 87;
Danço Só - 88;
Milonga de Paus - 91;
Paisagem - 93;
De Aço e Algodão - 94;
Milongueando Uns Troços - 95;
Juntos ao Vivo - 98;
Mandando Lenha - 98;
Milongamento - 99;
Porto Alegre Canta Tango - 2000;
Bebeto Alves Y la Milonga Nova - 2000;
Paralelo Trinta - Ontem e Hoje - 2001;
Juntos Dois - Povoado - 2002;
Volta das Águas - 2004;
Porto Reggae - 2004;
Mais Canção - 2004;
Blackbagualnegovéio - 2004/2006;
Devoragem - 2008;
3 D - 2010;
Milonga Oriental - 2014.
 
 
 
 
 

GLAU BARROS: TEM O SAMBA NA PELE E NA ALMA

 
Foi como vocalista da banda Sidérius Nuncios, isto lá no início dos anos 90, em Gravataí, que Glau Barros iniciou sua carreira, embora como disse ao "Na Trilha"..., começou cedo:
 
- Minha família era muito musical. Minha vó cantava no coral da Igreja e um tio meu também cantava. E já a partir dos 3 anos comecei a acompanhá-la ao culto. Alí comecei a aprender os hinos do coral.
 
Foi na quarta-feira que Glau se apresentou no multipalco do Theatro São Pedro, às 12:30, com o show "Damas do Samba". Acompanhada por um time qualificado de músicos como Edu Moreira, no violão, Fernando Catatau e Cléber Junqueira na percussão e Alemão Charles no cavaco, a cantora desfiou um repertório afinadíssimo das damas nacionais e estaduais. Nomes como Elis Regina, Leci Brandão e as gaúchas Zilah Machado, Delma Gonçalves e Pâmela Amaro brilharam na voz afinadíssima de Glau:
 
- Em casa sempre ouvi muito samba. Foi no final dos anos oitenta que um amigo formou uma banda e me chamou. E assim começou.
 
Dona de uma bela voz, grave e sensual, passeando sobre os timbres como poucos, Glau Barros dá a cada música uma sutileza de interpretação muito pessoal. Carismática, profunda e adequada ao tema cantado. 
 
Também desenvolve uma carreira de atriz:
 
- Comecei na música e 10 anos depois fui convidada para participar do grupo Caixa-Prêta e também de outros grupos. E desenvolvi as duas coisas: o teatro e a música. O que me ajudou muito no quesito expressividade.
 
Com o Caixa-Prêta  fez as peças "Hamlet Sincrético", onde foi indicada ao Açorianos de Melhor Atriz Coadjuvante, "Antígona BR" e "Ori Orestéia". Também em cinema participou do curta-metragem "Antes Que Chova", de Daniel Marvel e "Anita", de Olindo Estevam.
 
Espetáculos musicais fez vários: "Glau Barros Canta Elis Regina", "Estandarte do Samba", "Play Blacks", "Noite dos Lobos - Canções de Lupicínio Rodrigues", "De Amor e Sonhos", "Glau Barros - especial Clara Nunes", entre outros.
 
 
No Show do Theatro São Pedro, no dia Internacional da Mulher, Glau não se furtou de falar sobre a violência que paira sobre muitas em nosso país.
 
- Sim, os números estão aí e são assustadores. Eu acho que a gente teve avanços mas as pessoas ainda estão muito embrutecidas. Não conseguem se compreender, se respeitar. Hoje muitas famílias são formadas por mãe e filhos, mães avós, mães tias que cuidam suas crianças e eu acho que elas é que tem a sensibilidade de ensinamento destas. Acho que isso é um fator transformador para um mundo mais justo. Existem muitas leis de proteção às mulheres mas são pouco e mal aplicadas. Esse é o ponto. Existe muito medo. As mulheres precisam se fortalecer  para que essas coisas não se perpetuem.
 
Essa é Glau Barros. Mulher, negra, cantora, mãe e que luta por tudo aquilo que todos lutamos. Paz, igualdade, liberdade e amor. Que Deus a mantenha sempre forte.
 
 

''O CINEMA CRIA IMAGENS MAS A LITERATURA CRIA IDÉIAS'' - JORGE FURTADO

 
 
Dentro da programação de palestras e shows que a Palavraria está promovendo por ocasião de seu encerramento de atividades, no dia 13 de dezembro coube ao cineasta Jorge Furtado conversar com o público que lá compareceu. Entre outros assuntos falou sobre sua mais recente produção "Robinson Crusoé - Mentira ou Ficção" e lá mesmo deu uma entrevista ao "Na Trilha....
 
- "O Robinson Crusoé é uma história incrível, até porque foi um dos primeiros livros que eu li e ele conta sobre um homem só contra a natureza. É uma história de poder do ser humano com suas próprias mãos que começou do nada para se manter vivo. Então é uma aventura eterna. Ela funciona em qualquer língua, qualquer época. E ela virou um símbolo. Quando alguém se perde num lugar e constrói uma cabana todo mundo lembra do Robinson Crusoé".
 
Diretor, roteirista, publicitário, repórter, apresentador, produtor, não tem o que Jorge não tenha feito em cinema, TV ou teatro. Isso sem falar os cursos de medicina, psicologia, jornalismo e artes plásticas. Claro que não concluiu nenhum. Mas o conhecimento que adquiriu em cada um deles moldaram sua trajetória cinematográfica.
 
E o tema abordado por Furtado é a questão da ficção que muitas vezes é confundido com a realidade, numa simbiose que não se sabe qual é uma ou outra: "Pois veja bem. Muitas pessoas acham e achavam que na época em que o livro da Daniel Defoe foi lançado, 1719, que a história era real, tamanha a descrição detalhista que o autor usou. Inclusive hoje é nome de uma ilha. É um personagem daqueles, eternos".
 
O cineasta se mantém até hoje um voraz leitor. O texto é o que alavanca suas idéias:
 
- "Sim, eu leio todos os dias desde a minha infância. Não vivo sem livros. Compro toda a semana mas infelizmente não consigo ler. Eles vão formando montanhas na cabeceira e na mesa. Mas eu corro atrás na esperança de um dia ler todos. Adoro livros e acho que a grande transmissão do conhecimento humano está neles".
 
Um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, isto em 87, Jorge está na casa até hoje e foi lá que produziu seus primeiros curtas como "Barbosa", de 88, "Ilha das Flores" de 89, tendo recebido prêmios nacionais e internacionais, inclusive no Festival de Berlim. Jorge também falou sobre seu próximo projeto:
 
- "Primavera das Neves" foi uma grande tradutora portuguesa nascida nos anos 30 em Portugal. Veio para o Brasil bem jovem. Seu pai era um anarquista português que lutou contra Franco. Com a ditadura Salazarista a família fugiu de Portugal. E ela era uma menina muito estudiosa que adorava Wagner, Beethoven e com 14 anos era sócia do museu de Arte do Rio de Janeiro. Falava 7 línguas. Traduziu Emily Dickinson e também autores alemães, franceses, italianos, enfim e também escrevia poesias. Eu a muito custo consegui seus poemas. Então, ela teve uma vida aventuresca, fugindo da ditadura. Depois voltou para Portugal. Seu marido tentou derrubar Salazar. Ela ficou 2 anos dentro da embaixada do Brasil com a filha recém nascida. Depois de tudo isso voltou para o Brasil e com o nome de Vera Neves Pedroso assinou várias traduções. Isso tudo já está em processo de finalização. Tá montado e estamos sonorizando e deverá ficar pronto em janeiro".
 
Tendo estreado como diretor de longas em 2002 com "Houve Uma Vez Dois Verões", Jorge Furtado vê com muita preocupação a atual situação política do país:
 
- "Olha, eu vejo com muita tristeza. Eu nunca estive tão desesperançado a respeito do Brasil. Claro que na ditadura estivemos bem pior, mas tínhamos esperança de que ela chegasse ao fim, de que alguma coisa nova no futuro iria acontecer, enfim. E hoje não. Hoje eu não vejo esperança nenhuma em lugar algum. Nenhuma direção. Acho que temos que continuar militando já que estamos vivendo um golpe. E um golpe terrível. Um golpe parlamentar. Uma quadrilha de ladrões se apossou do Congresso, se apossou do Governo, picaretas profissionais que estão lá sugando o dinheiro público, enriquecendo as custas dos pobres que estão morrendo nas filas dos hospitais. E isso tudo todo mundo vê e a gente tendo de conviver com isso sem que tenhamos uma perspectiva de que acabe. Há um descrédito total com a política. Infelizmente eles tomaram conta do País. O que esperar?".
 
 
Tópicos:
Filmografia:
 
  • Temporal, curta, 84;
  • O Dia em que Dorival encarou a Guarda, curta, 86;
  • Barbosa, curta, 88;
  • Ilha das Flores, curta, 89;
  • Esta não é Sua Vida, curta, 91;
  • Veja Bem, curta, 94;
  • A Matadeira, curta, 94;
  • A Estrada, curta, 95;
  • Ângelo Anda Sumido, curta, 95;
  • O Sanduiche, Curta, 2000;
  • Houve Uma Vez Dois Verões, longa, 2002;
  • O Homem que Copiava, longa, 2003;
  • Oscar Boz, curta, 2004;
  • Meu Tio Matou um Cara, longa, 2004;
  • Saneamento Básico, o Filme, longa, 2007;
  • Rummikuh, curta, 2007;
  • Velazquez e a Teoria Quântica da Gravidade, curta, 2010;
  • Até a Vista, curta, 2010;
  • Homem de Bem, longa, 2011;
  • Doce de Mãe, telefilme, 2012;
  • O Mercador de Notícias, documentário, 2014;
  • Real Beleza, Longa, 2015;
  • Robinson Crusoé - Mentira ou Ficção, 2016;
  • Margarida das Neves, pós-produção.
Prêmios:
 
  • 2003: Grande Prêmio Cinema Brasil de melhor diretor e melhor roteiro original por "O Homem Que Copiava";
  • 2003: Prêmio de Melhor roteiro no Festival de Cinema de Miami por "O Homem que Copiava";
  • 2003: Prêmio da crítica no Festival Internacional de Punta del Este por "O Homem que Copiava";
  • 2002: Grande Prêmio Cinema Brasil de melhor roteiro original por "O Homem que Copiava";
  • 2002: Prêmio de Melhor filme-crítica no Cine Ceará por "Houve Uma Vez Dois Verões";
  • 2002: Prêmio de Melhor Diretor no Cine Ceará por "Houve Uma Vez Dois Verões";
  • 2002: Prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema Brasileiro de Paris por "O Homem Que Copiava";
  • 1995: Prêmio do Público no Festival de Gramado por "Felicidade é...";
  • 1995: Kikito de Melhor Filme brasileiro no Festival de Gramado por "Felicidade é...";
  • 1989: Urso de Prata de melhor curta-metragem no Festival de Berlim por "Ilha das Flores";
  • 1988: Melhor culta-metragem no Festival de Havana por "Barbosa";
  • 1986: Melhor curta-metragem nos festivais de Gramado, Havana e Huelva por "O Dia em Que Dorival Encarou A Guarda".
 
 
 
 

SOLON FISHBONE É A CARA E A ALMA DO BLUES

 
 
Ritmo cultuado pelos negros descendentes de escravos africanos no final do século XIX, o Blues começou a aparecer como canto de trabalho para embalar jornadas pesadas em estados dominados pela cultura branca nos Estados Unidos principalmente Alabama, Mississipi, Georgia e Lousiana.
 
Pois foi exatamente esse rítmo musical que entrou na pele de um garoto ainda imberbe nascido em 1967 na cosmopolita Caxias do Sul chamado Solon Ferreira Coelho. E foi ali na cidade de origem italiana que ele começou a ter contato com o Blues. Nada a ver diriam alguns, mas aí é que a porca torce o rabo, o pescoço ou o que quer que seja, como diriam outros:
 
- "Eu ouvi Blues desde muito cedo, creio que lá em 78 ou 79 através de um irmão mais velho que ouvia e gostava muito. Ele possuia discos de vinil e foi ali que eu descobri um do Johnny Winter, o "White, Hot and Blue", de 1978. Foi o meu primeiro contato com o ritmo e me identifiquei de cara. Depois virei músico, comecei a tocar guitarra e foi uma coisa meio instantânea né. Já tinha referências e foi ali que fui beber pra aprender a tocar.
 
Considerado um dos melhores do gênero no Brasil o rapaz com cara de guri, embora já com a cabeleira começando a branquear de tanta estrada, mantém o olho brilhando quando fala de sua opção musical:
 
- "As primeiras bandas que ouvi falar e que eram de Porto Alegre foi "Moreirinha e a Suspiran Blues", depois mais pra frente conheci outras como a "Anos Blues". Tive também a felicidade de tocar com uns caras que já estavam nessa a algum tempo como o Flávio Chaminé que já tinha uma carreira consolidada no cenário. Tocamos num show em 95 ou talvez 96 no "Unimúsica". Foi muito bom conhecer uns caras assim".
 
Citado pela revista Guitar Player de outubro de 1999 que o apontou como o novo caminho para o Blues pelo seu terceiro disco "Blues Galore", Solon trilha o mesmo caminho de tantos outros:
 
- "Eu sou autodidata. Nunca tive ninguém que me ensinou coisas. Sempre ouvi discos de vinil, depois CD e até hoje eu boto vídeos no You Tube pra tirar alguma dúvida, pra aprender alguma coisa e tal. A gente tá sempre aprendendo né, a música é um saco sem fundo. Então isso é bom pois a gente nunca chega no fim".
 
Solon tem sua preferência pelo som da Fender Stratocaster, a preferida de Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jeff Beck e tantos outros. Fender também é seu ampli preferido e usa pedaleiras essenciais a todo bom músico. O cara também possui uma loja vintage, a "Guitar Garage", onde você enche os olhos com instrumentos de todas as épocas e modelos. É um verdadeiro colírio para aqueles que conhecem o valor de uma guitarra:
 
- "Cara, eu sempre gostei de instrumentos. Quando comecei a tocar e gravar a gente foi pesquisando quais os melhores, aqueles que tem o som mais legal, enfim. E aí eu comecei a comprar e durante uma época adquiri o suficiente para colocar nas redes um site chamado "Guitar Garage". Eram instrumentos meus juntos com outros de um amigo de Curitiba e a gente começou a ter bastante acesso e a galera começou a comprar e coisa e tal e aí resolvi transfomar o site numa loja física e ai tô com ela até hoje".
 
Fã até a medula de B.B. King, Solon é hoje referência pra todo garoto que pensa em empunhar uma guitarra e soltar a voz. Seu toque tem a pegada do negro sofrido das plantações de algodão, seu fraseado tem a marca dos ancentrais do delta do Mississipi e sua alma tem a conexão com os antigos bluseiros como Blind Willie, e Roberto Johnson, que dizem ter feito um pacto com o diabo numa encruzilhada qualquer da vida. Bom mas aí já é outra história
 
Que Deus e outras entidades iluminem os caminhos de Solon e que mantenha sua alma leve e o dedo certeiro nas pentatônicas da vida e que continue nos brindando com seu som cheio, forte e contagiante.
 
Longa vida a Solon Fishbone.
 
 
Tópicos:
 
Discografia:
 
  • Blues from Southlands, 1994;
  • Heart & Souo, 96;
  • Blues Galore, 99;
  • Instrumental Mood, 2004;
  • Fish Tones, 2011.
 
 

CARLOS GERBASE FALA DE METALINGUAGEM, MÚSICA, CINEMA E OUTROS BABADOS

Sal de Prata: trailer

Dentro do projeto CineLIPSAM, da Liga de Psiquiatria e Saúde Mental da UFCSPA a Sala P.F. Gastal exibiu o filme "Sal de Prata" (2005). Após um debate com a platéia o diretor Carlos Gerbase concedeu uma entrevista ao "Na Trilha..." onde abordou entre outros assuntos a metalinguagem, que enquadra muito bem a história do filme e também outros aspectos já que este trabalho foi feito em película, mesmo tendo em alguns momentos a tecnologia digital.

A história, a partir de um roteiro escrito por Gerbase, mostra o cotidiano de uma trupe de cineastas que buscam alternativas para seus projetos cinematográficos. E durante o tempo que transcorre, a tela é inundada de flagrantes e elementos como pôsters, citações, cameras, sets e tudo o que a arte cinematográfica usa e abusa antes do produto final como enquadramentos, iluminação, decupagem, enfim, é o cinema dentro do cinema. 

Perguntado se "Sal de Prata" poderia ser uma homenagem a sétima arte Gerbase diz: "tudo bem, tu pode chamar de homenagem, mas eu diria que é uma reflexão, uma conversa, é um discurso cinematográfico sobre o discurso cinematográfico. Então é inevitável que o filme fique com esse peso, digamos assim, um pouco mais reflexivo. É ao mesmo tempo um acerto de contas, porque o cinema tem coisas tão boas mas, por exemplo, a vida das pessoas que fazem cinema no Brasil é muito dura. Então como o personagem Holmes, de Sal de Prata, quer fazer um filme mas acaba o dinheiro. E a personagem de Camila Pintanga diz assim: me liga quando tiver dinheiro, ou melhor, não me liga!! Isso é muito cinema também. Então, uma coisa é o cinema que a gente quer fazer e outra é o cinema que a gente consegue fazer. Então, tem esses dois lados. O lado de ser maravilhoso a gente se servir dessa linguagem e ao mesmo tempo a gente perceber de como é fragmentado, difícil de fazer. Dá muito trabalho e não é uma atividade muito valorizada".

"Sal de Prata", quarto trabalho do cineasta gaúcho, concorreu naquele ano em Gramado e não foi bem recebido pela crítica, o que segundo o diretor afetou posteriormente a sua distribuição. Centrado num elenco de nomes conhecidos como Maria Fernanda Cândido, Camila Pitanga, Marcos Breda e de atores gaúchos, a película recebeu o Kikito de Melhor Montagem, de Giba Assis Brasil.

Sobre a captação de recursos para filmar no Brasil, Gerbase diz: "desde o surgimento da Lei Rouanet vários mecanismos existem para ajudar o cinema brasileiro. Inclusive um dos medos que se tem é que esse novo governo possa retirar essa prioridade da cultura. Por enquanto tá tudo igual como estava antes mas a gente não sabe muito o que vai acontecer. Até meados da década de 2 mil a gente ia nas empresas gaúchas que pagam imposto e esse tipo de incentivo hoje não existe mais, não estão colocando dinheiro via lei do audiovisual, via lei Rouanet, com raríssimas exceções. Então hoje a gente aposta muito num negócio chamado FSA que é o Fundo Setorial do Audiovisual, que é uma maneira diferente de captar recursos em que tu tem que entrar via editais".

Gerbase foi durante 24 anos integrante da Casa de Cinema de Porto Alegre onde desenvolveu projetos que ficaram marcados no início da história do cinema moderno gaúcho em produções como "Inverno", "Verdes Anos", e curtas como "O Corpo de Flávia", "Deus ex-Machina" e outros. A partir de 2011 deixa a Casa e junto com Luciana Tomasi cria a Prana Filmes, que dá suporte os filmes "Menos que Nada", (2012), "Ocidentes" (série de TV, de 2013), "Na PUCRS", curta de  2015.

Ainda sobre a captação diz o cineasta: "hoje, as pessoas do cinema estão sempre escrevendo projetos para editais. É um mundo muito burocratizado. As vezes as pessoas gastam mais tempo aprendendo a fazer justificativas do filme do que o roteiro".

Gerbase é também escritor e leciona Cinema na PUCRS. Participou como diretor e roteirista em diversos longas e curtas e séries de TV. É formado em Jornalismo pela PUC e tem doutorado em Comunicação Social e Pós-Doutorado em Cinema pela Universidade Sorbonne-Nouvelle-Paris. Atualmente é professor titular da universidade atuando no Curso Superior de Tecnologia em Produção Audiovisual e nos Programas de Pós-Graduação de Comunicação Social e Letras e além disso também é músico (segundo ele ex-) já que foi um dos fundadores da Banda Replicantes e atuou como bateirista e também cantor, atividade que largou a algum tempo.

Sobre conciliar todos esses lados declara: "o músico já dançou. Isso é 2002 porque não dava pra fazer show no interior e voltar de ônibus, dar aula no outro dia, então encerrei minha carreira, com raríssimas aparições. O professor é de cinema, então não é uma coisa que está separada. Tudo que eu aprendi fazendo filmes eu acabei utilizando como professor. A diferença é o mundo acadêmico, esse sim. Quando eu entrei nesse mundo eu vi que ele exige muito. E tudo que eu faço no mundo do cinema tem no acadêmico a seguinte avaliação: nada".

Tópicos:

  • Carlos Gerbase tem em sua filmografia, entre longas e curtas, 20 produções;
  • Entre publicações, 20 livros;
  • Como músico, 10 Cds e Lps com a Banda Replicantes;
  • O Filme "Sal de Prata" conta com o seguinte elenco: Maria Fernanda Cândido, Camila Pitanga, Marcos Breda, Bruno Garcia, Nelson Diniz, Júlio Andrade, Rafael Tronbini, Felipe de Paula, Julia Barth, Bruno Torres;
  • A trilha sonora sobre temas eruditos foi gravada por Tiago Flores;
  • Montagem, Giba Assis Brasil;
  • Produtora: Globo Filmes.
  • Produção: Luciana Tomasi, Nora Goulart;
  • Fotografia: Jacob Solitreick;
  • O filme está disponivel no You Tube.

 

 

 ORQUESTRA JOVEM DO RS.  DO SONHO A REALIDADE. TELMO JACONI FALA AO 'NA TRILHA....'

 
Criada em 2010 por uma ONG a Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul tem proporcionado uma formação profissional na área da música instrumental a jovens da rede pública de ensino, na faixa etária de 10 a 14 anos.
 
Telmo Jaconi, que durante 44 anos foi músico da OSPA, sendo 30 como 'spalla' é o responsável pela formação da meninada. Ele explica como:
 
- "Existe um edital que é publicado para recrutamento desses jovens. A base deles é de 10 a 14 anos. O projeto é patrocinado pelo Banrisul em cerca de 80%. Tem uma restrição de renda porque oportuniza aqueles que tem menor poder aquisitivo. Tem que ser oriundos da escola estadual ou municipal e de família de baixa renda. Com isso a gente pretende concluir um trabalho social de inclusão".
 
O maestro que estudou na Academia de Música de Viena, sob orientação de Edith Steinbauer segue sua explanação: "O trabalho é feito de 2ª a 5ª feira no turno inverso da escola. E tem uma prova de seleção para aqueles interessados e que é muito simples. Os 2 pré-requisitos são o talento musical, que é indispensável para não orientá-los numa carreira onde eles podem não se realizar profissionalmente. Então o talento físico e intelectual é importante. O Outro requisito é a disposição do jovem para trabalhar.
 
Telmo que é natural de Montenegro mas cresceu em Porto Alegre começou seus estudos aos 8 anos e aos 14 foi o mais jovem músico a ser admitido pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Sobre o apoio dado pela ONG o maestro acrescenta: "O jovem não precisa ter instrumento. Nós damos todo o apoio. Ele recebe instrumento, transporte, alimentação. Além disso recebe uma pequena ajuda em dinheiro para se manter e com isso ele tem uma oportunidade de vida. Uma oportunidade de construir uma profissão, se ele querer".
 
Em sua carreira o maestro esteve em um período na Europa onde participou como violinista na Kammeroper - Theather an der Wien e também na Philarmonia Hungárica. Ainda sobre a questão do ensino da música ele acrescenta:
 
- "Existe uma comunidade mundial que considera uma orquestra uma das formas mais perfeitas de trabalho em equipe. Então o ensinamento social acontece de uma forma imperceptível. O convívio social com suas regras, o respeito, o coleguismo, tudo isso é ensinado de forma automática. Claro que temos encontros para conversar, temos aula de empreendedorismo, mas o próprio funcionamento de uma orquestra condiciona todo jovem a ter disciplina, respeito. É uma equipe".
 
No dia 24 de agosto a Orquestra estará comemorando 7 anos e por isso vai acontecer um encontro importante: "Ao mesmo tempo estaremos homenageando e sendo homenageados pelo maestro Isaac Karabitchevsky que virá para reger este concerto. Ele que foi uma figura muito importante no início da nossa caminhada pois nos deu um apoio fundamental num momento decisivo que nós precisávamos de uma palavra forte, de alguém que tivesse prestígio como é o caso dele. Então ele vai nos homenagear vindo até aqui, se deslocando da Itália. Então vai ser um momento importante pois estaremos completando um ciclo que se encerra".
 
Existe uma forma de apoiar a Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul via Internet, através da plataforma PagSeguro, que facilita as doações dos interessados oferecendo opções como cartão de crédito, depósito ou boleto.
 
A equipe de professores conta com:
 
  • Daniel de Abrantes Timm, violino;
  • Fabio de Mattos Alves, contrabaixo;
  • Iran Jorge da Silva, violino;
  • Lucas Inage dos Santos, viola;
  • Marcírio Siqueira Neto, percussão;
  • Matheus Kleber, piano;
  • Rachel Alquati, violoncelo.

SIMONE RASSLAN E SEU INCRÍVEL ARMAZEM DE 'XAXADOS E PERDIDOS'

 
A moça bem que poderia vestir sua roupa de garimpagem e começar a cavar pelos rios e vertentes por aí pois é bem isso que faz ao recolher do cancioneiro nacional pérolas que estão engavetadas ou encaixotadas nos armarinhos musicais dos cantos mais escondidos desse país. É ela quem nos fala da idéia do seu trabalho:
 
- "É de trazer a tona o trabalho dos compositores brasileiros, cantar o Brasil, esse Brasil de dentro, que não é tão visto pelo exterior. Nosso país é muito conhecido pela sua praia, pelo seu samba, pelo seu axé, pela sua música mais extrovertida como o carnaval, futebol. E eu pensei num outro Brasil, que é pouco visitado, que é aquele fronteira, caboclo, negro de raiz".
 
Assentado num time de musicos competentes e criativos, Simone revisita não só o cancioneiro contemporâneo mas também aquele que faz parte da nossa memória e do folclore. - "Eu acho que é importante misturar tudo. Nós temos uma mania didática de colocar as coisas com rótulos pra tentar didatizar. Isso é música regional, isso é música de MPB. Não. Eu acho que tudo isso é Brasil que é toda essa diversidade. Ao mesmo tempo que não tem um nome porque é um anônimo tá junto lá com um cara que fez sucesso fora do Brasil, como Moacir Santos ou Gismonti que é da música mais instrumental do que da canção. Enfim, tudo isso é a cara do nosso país diverso".
 
O espetáculo está centrado no disco "Xaxados e Perdidos" que em 2012 ganhou 4 Prêmios Açorianos de Música: "MPB - Melhor Disco", "MPB - Melhor Intérprete", "Melhores Arranjadores" e "Disco de Ouro". Uau, é pra quem tem competência.
 
Vinda do Mato Grosso do Sul a moça se radicou aqui e por aqui foi ficando e não saiu mais, desenvolvendo um trabalho reconhecido na área de alfabetização infantil. "Eu sou professora sempre. E aqui no show o grupo CantaVentos tava alí. Um grupo que nasceu na Escola Santa Rosa de Lima que eu trago no meu coração, na minha força, na minha vitalidade toda como artista. O meu trabalho de professora se mistura com meu trabalho de artista. Não tem separação". Eu que o diga pois fui parceiro dessa menina por mais de 20 anos e sei da qualidade de seu trabalho.
 
Então, pra encerrar este texto vale destacar o lirismo, a delicadeza  e todas as tessituras musicais que o trabalho apresenta. É uma viagem dentro de um Brasil rico e profundo, de melodias sutis, com um toque brejeiro como só um ouvido apurado pode buscar e transformar em arranjos que realçam ainda mais o lado humano de canções que cantam este país tão imenso e rico de variedades sonoras. Parabéns Simone Raslam e Álvaro RosaCosta e que vocês possam seguir sempre com essa visão profética do belo, do lúdico e da essência musical por vezes escondida e tão fora da mídia atual.
 
Vale destacar os músicos competentes que sobem ao palco como Kiti Santos, Beto Chedid, Aninha Freire, Alvaro RosaCosta (direção musical),  Jorge Matte, Mimmo Ferreira, Mada Rasslan e a performance cênica de Roberta  Alfaya. Longa Vida a Xaxados e Perdidos.
 

ADOLFO ALMEIDA JR É O 'CARA' E A 'CARA' DO FAGOTE EM PORTO ALEGRE

Trio de palhetas:

Das lembranças mais remotas Adolfo guarda a de seu avô materno que tocava alguns instrumentos de cordas e também de sua madrinha que mantinha em casa uma escola de música. Portanto esta entrou em sua vida já muito cedo.

Mesmo tendo estudado violão, depois flauta doce com Isolde Frank, Piano com Gerarld Messiat, isto na UFRGS foi com o professor Gunter Kramm que desenvolveu seu aprendizado no fagote. Teve cursos também com Alain Lacour, Angelo Pestana e Noel Devos. Sobre a procura de jovens hoje pelo instrumento diz:

"Se eu levar em conta que é um instrumento que me identifico muito também constato com certa tristeza que poucos jovens optam pelo fagote, tanto que nas aulas que ministro na UFRGS tenho apenas um aluno".

Almeida Júnior não transita apenas na música erudita e teve trabalhos com o pessoal da música popular. "É bom porque a gente tá sempre trocando informações e isto é parte de um aprendizado, basta ter a mente aberta". Já tocou com Arthur de Faria e Seu Conjunto, inclusive com apresentações fora do país e também com outras feras como Paulo Moura, Hermeto Pascoal, Altamiro Carrilho.

Atualmente é o 1° fagostista d OSPA e também tem um vida acadêmica como professor: "Ainda bem que a Orquestra dás um suporte financeiro pra muitos músicos, mas a gente tem que se virar e fazer outros trabalhos, lecionar, enfim é uma vida agitada".

Mantém também o Trio de Palhetas e junto com Paulo Calloni (oboé) e Augusto Maurer (clarinete) fizeram uma apresentação domingo passado dentro do projeto "Música no Museu" no Margs. Aliás, vale destacar que já nos anos 90 foi um dos fundadores do Trio de Madeiras, numa formação parecida (só que era flauta) e com esta formação tive o prazer de convidá-los para tocar no projeto "Encontros Musicais" do Colégio Santa Rosa de Lima.

Sobre a aceitação da música erudita nos dias de hoje diz: "Estamos cada vez mais indo de encontro ao público e isso é bom. Veja só, hoje aqui(Margs) o local estava lotado, com muita gente em pé. Isso é prova de que as pessoas procuram ouvir e prestigiar cada vez mais esse tipo de música".

O músico destaca também a importância que teve em sua formação as aulas de composição que teve com os mestres Armando Albuquerque, Bruno Kiefer, Gerardo Gandini e Ernest Widmer, então professores da Universidade.

"Todos eles foram importante, cada um teve a sua contribuição, mesmo porque os métodos que estudei foram aqueles normais, com muita prática diária".

Sobre o repertório para um trio de fagote, oboé e clarineta destaca que é preciso garimpar muito para achar peças adequadas:

"Não existe muita coisa para essa formação mas a gente pode adaptar muito de Bach, Millhaud e outros. Fica bem. E também a gente não se furta de incluir autores brasileiros como por exemplo Ernesto Nazareth".

O repertório de domingo passado foi com  "Cânone Perpétuo e Oferanda Musical" e "Prelúdio e Fuga a Três vozes em dó sustenido menor", de Bach, "Pastorale" e "Suíte (d'après correttel" de Darius Milhaud, "Cinq Peèces em Trio" de Jacques Ibert e finalizou com duas adaptações: "La Muerte del Angel" de Piazzolla e "Banbino" de Ernesto Nazaret.

Já tendo lançado um CD 'Paradoxo", em 1006, atualmente Adolfo Almeida Jr desenvolve uma projeto de pesquisa com trilhas sonoras.

LUIZ HENRIQUE 'TCHÊ' GOMES, 35 ANOS A SERVIÇO DO ROCK

 
 
Uma das caras mais conhecidas do rock gaúcho, tchê Gomes já passou por poucas e boas. É um dos expoentes do início de um movimento que ganharia Porto Alegre e o Brasil e levaria um toque especial do som que chegou longe de nossas pradarias. E como não poderia deixar de ser foi no ambiente familiar que "Tchê" encontrou suas raízes musicais. 
 
"Minhas primeiras lembranças com música, quando o bichinho começou a pegar mesmo foi numa época que eu nem tinha instrumento em casa. A Minha vó tocava gaita  junto com seus irmãos, isso em São Gabriel. E também primos meus tinham conjunto de música gauchesca. E eu já criança ficava grudado na beira do palco ouvindo tudo aquilo. Então esse impacto musical vem de família".
 
O certo é que o guri nunca esqueceu esses registros musicais e antenado para o mundo sonoro ganhou seu primeiro instrumento: "Quando eu tinha 7 anos ganhei um violão do meu pai, que passou a ser o meu brinquedo. Nessa época eu já morava na rua José Bonifácio. Acontece que o meu pai sabia quando muito uns dois acordes e eu não tive como desenvolver um conhecimento. O instrumento ficou parado muito tempo. Foi somente no colégio lá pela quinta sério que eu vi o meu colega Márcio Petraco tocando cavaquinho. E isso foi uma coisa instantânea. Ele alí no pátio no recreop, fazendo dois acordes, cercado de uma galera despertou algo grande em mim. Já me veio a imagem do meu Giannini que tava parado casa. Cara, é isso que eu quero fazer. E naquele momento decidi que eu queria aprender a tocar um instrumento. Comecei a trocar idéias com o Márcio e a coisa desenvolveu rapidamente".
 
Integrante de uma das bandas seminais da história do Rock Gaúcha, a TNT, junto com Márcio Petraco e Charles Master, o músico conta como foi o início de tudo. "Foi num apartamento da Rua Santo Antonio, no Bom Fim que rolou os primeiros ensaios da banda. Foi num apartamento onde morava o Felipe Jotz, primeiro baterista da banda, que ficava quase no telhado. Numa salinha micro a gente passava as tardes de todos os dias tocando. Direto, todos os dias. Foram momentos de aprendizado mesmo, e a responsabilidadce começou a pegar já que a gente começou a fazer shows e a gente já começava a pensar em gravar um disco. Foi muito vertiginoso e quase do nada eu fui parar dentro de uma gravadora, contrato assinado, shows, enfim, a coisa começou a acontecer".
 
Em 1987 o grupo lança o primeiro disco, chamado "TNT". E nele já aparecem alguns hits como "Cachorro Louco", "Oh Deby", "Ana Banana", "Estou na Mão" e mostra uma identidade já madura sobre a sonzeira do grupo. Como não poderia deixar de ser os caras são alçados a uma condição de vitrine muito favorável, viajando para muitos lugares fora do Rio Grande do Sul.
 
O que elencou a carreira da banda foi a efervescência do bairro, então o point dos jovens em Porto Alegre. "No Bom Fim havia uma transformação de cultura, identidade, de idéias. Uma efervescência social. O Araújo Vianna eu frequentava já antes de começar a tocar. Era o pátio da minha casa. Nos domingos eu tava lá, com 11 ou 12 anos, em tudo que era show. Outro palco importante pra mim também foi o do Unimúsica. Lá vi muitos shows do "Urubu Rei", "Taranatiriça", "Saracura". Grupos de jazz e todos os nichos que se faziam presentes naquele palco".
 
Depois de gravar mais discos com o TNT e tocar bastante em várias formações lá na virada dos anos 2000 "Tchê Gomes" se mandou pra São Paulo: "Olha, na época foi um perrengue. Putz, eu não tinha nem grana pra cortar o cabelo. Eu fui pra produzir o disco de uma cantora de Caxias do Sul, uma turma que tava morando em São Paulo, a Banda Justa Causa e aí a coisa pegou. eu inclusive morava num quarto que não tinha nem janela. E eu pegava todo tipo de trabalho que aparecia. E um deles foi muito legal. Eu acabei me tornando o braço direito do Fernando Deluque, do RPM. Excursionei com ele, fiz um monte de shows e ficamos muito amigos. Foi difícil mas foi um aprendizado. Hoje eu até tenho saudade daqueles dois anos que passei em são Paulo. Musicalmente eu cresci bastante".
 
Nascido em São Gabriel em 1967, Luíz Henrique "Tchê Gomes, relembra com carinho de toda sua rica trajetória musical, onde ganhou um espaço de destaque dentre os músicos de rock gaúchos, respeitado pela sua pegada no instrumento e pela fidalguia no trato com seus colegas. Foi a sua vontade de tocar que o fez abraçar a carreira até porque viver de música no Brasil não é fácil: "Na real não dá pra viver de música. Eu não aconselharia (diz rindo). Mas se eu vou pensar que eu poderia fazer outra coisa seria uma traição a toda uma geração que se identifica, que acredita e que vê a gente como um espelho. Então eu prefiro carregar a bandeira sem arrependimento e até onde der, seja lá onde for parar ".
 
Então é isso, o "Na Trilha do Clovis" deseja longa vida ao Tchê Gomes e que ele continue encantando com sua musicalidade a todos os seus fãs e amigos que lhe adoram.
 
 
 
 

"TOCA DO DISCO" TEM O  MELHOR DO ROCK, D0 BLUES E DO JAZZ

Quem sobe pela Garibaldi, um pouco antes da Independência, à esquerda já deve ter visto a melhor loja especializada em rock, blues e  jazz de  Poa. Vale a pena entrar e ver o que as prateleiras tem a oferecer aos afficionados por Cds e vinis. Seu proprietário Rogério Cazzeta diz como iniciou no negócio: "na minha adolescência, lá por 1978 eu já comecei a comprar discos, e dez anos depois o meu pai que era dono desse local, me ofereceu um espaço para abrir uma loja. E isso aconteceu no dia 19 de agosto de 1989, e começou com o nome de "Toca do Disco", que está até hoje. Primeiro eu comecei com troca de Lps, já que não existia ainda o CD. E o negócio foi crescendo, tanto que eu ampliei o espaço"

Com um gosto refinado do que o melhor do rock e do blues tem a oferecer, com certeza os curtidores desse estilo vão encontrar o que procuram, já que Rogério não deixa por menos. Se não tem, manda buscar. Até porque a clientela é grande e exigente como diz: "a loja sempre foi especializada em rock, blues e um pouco de jazz. E música brasileira também. Mas o que alavancou o negócio no início era a minha dedicação ao rock tradicional, dos anos 60 como Ten Years After, Almann Brothers, Rory Galagher, essa turma aí. E depois a questão do blues já que ninguém vendia esse estilo em Porto Alegre e é um som que eu gosto e durante um bom tempo também fui especialista nesse estilo".

Quando o CD chegou e tomou conta do mercado mesmo assim o proprietário continuou com vinil nas prateleiras já que este nunca deixou de vender. "Em 89 eu abri com vinil, e a minha primeira compra de CDs foi no final dos anos 90 quando ele entrou com tudo no Brasil. Inclusive trabalhei com Cds importados já que a procura era grande. O auge foi até 96 e 97. Era a presente mais procurado nos natais e aniversários. Hoje em dia o Cd deve de estar na centésima colocação, já que com a questão do computador, e de baixar música, de gravadores de Cds,  durante um bom tempo não se vendia nem Cd e nem Lp".

Aí no final  dos anos 2000 o vinil mais uma vez voltou a tona e começou a ser procurado: "aqueles colecionadores antigos que na época trocaram por Cds voltaram ao bolachão assim também como uma gurizada nova. Eles saem do colégio entram aqui e eu penso que eles vão comprar Cd e eles querem Lp. E isso se deu por influência dos pais, da mídia e também porque eles entenderam que é bem mais prazeiroso de manusear, é mais atrativo".

Mesmo com a crise e a subida do dólar Rogério entende que o negócio ainda tem muito pra dar: "olha, a loja é meio a meio. Eu tenho metade de Lps nacionais de fabricação brasileira, usado e alguma coisa que eu trago de fora, que com o preço atual do dólar o valor fica meio salgado, mas mesmo assim tá vendendo bem".

Então, se você curte aquele som que acha que não encontra em lugar nenhum chega lá na "Toca" que se não tem, o Rogério manda buscar pra ti.

LUIZ MACHADO É O CARA DO CHORO EM PORTO ALEGRE

Assista ao vídeo:

Ele é um dos principais nomes do choro no Rio Grande do Sul e também fora do estado. O músico e professor Luiz Machado, que nos domingos leva um grupo de alunos e admiradores no Bric da Redenção com o intuito de mostrar o que a rapaziada sabe fazer diz que o seu envolvimento no gênero começou cedo: “Foi em 81, que ao ver um show da Cor Do Som e ao ver o Armandinho tocando  me despertou o interesse. No outro dia comprei um bandolim e a partir daí não parei mais. Comecei a estudar, pesquisar, correr atrás de discos e me envolver cada vez mais”.

Outro lance de Luiz foi montar uma escola voltada para os interessados pelo gênero, que era um bom número: “eu fui obrigado a montar uma escola porque naquela época não tinha ninguém que ensinasse as coisas. Tive um período com o professor Airton Silva e também outras coisas que tive que procurar sozinho. Escrevi métodos pra choro, de frases musicais, para violão de 7 cordas, bandolim, cavaquinho e ao me envolver minha escola acabou sendo direcionada ao choro”.

O grande número de alunos que procuravam sua escola e o movimento crescendo fez com que o professor fosse convidado para administrar um projeto criado pelo Santander Cultural: “Fiquei 10 anos fazendo as oficinas lá, todos os sábados. Inclusive neste ano fui convidado para representar o Rio Grande do Sul no Rio de Janeiro para contar a história do choro no sul. Foi uma apresentação muito boa que envolveu todos os estados do Brasil. Porque todo mundo tem a sua música regional mas o choro é tocado em todos os estados”.

Ainda segundo Machado o choro nunca deixou de interessar aos amantes do gênero: “é um movimento que sempre vai existir. A mídia as vezes pode não estar muito interessada em mostrar mas de vez em quando aparece um  Hamilton de Hollanda, algum virtuose e aí eles resolvem dar espaço. Mas o choro nunca vai morrer porque é música tocada no Brasil inteiro”.

O método principal de sua escola é a leitura, como explica Luiz Machado: “O músico que lê está sempre pronto pra tocar em qualquer lugar. Se tu precisar decorar uma música tu pega 15 minutos e decora. Mas leitura tu não aprende em 15 minutos. E lá na minha oficina vem gente de todo o Brasil para participar e se eu não tivesse alunos com boa leitura, ficaria mais difícil, até porque cada músico tem o seu repertório. E todos aqueles que lá chegaram foram bem acompanhados. Então por isso a importância da leitura. E veja bem, existem centenas, milhares de choro e é difícil tu botar todos eles na cabeça”.


Outra coisa a destacar é que além do repertório antigo que abrange Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Armandinho e outros, tem também o pessoal novo que está compondo: “Olha, eu tenho vários alunos compositores. Luiz Barcelos, Elias Barbosa, Pedro Franco, Rafael Ferrari, muitos, muitos. E em outros lugares também. A gente que está sempre envolvido com o choro está sempre recebendo CDs de composições próprias, até porque hoje em dia qualquer um faz o seu disco independente. E todo mundo ta mostrando”.

Então quem gosta de chorinho e tá afim de aprender a Escola Teclas e Cordas fica na rua Lopo Gonçalves quase esquina com a Lima e Silva.

 

 

EMBARQUE E SE DIVIRTA NO "ÔNIBUS DO SOBE E DESCE" DE GELSON OLIVEIRA

 
 
 

Veja o vídeo aqui:

O Ônibus do Sobe e Desce de Gelson Oliveira é um trabalho voltado para o público infanto-juvenil ganhador do Prêmio Açorianos 2015.

Segundo Gelson tudo começou a partir da música "Papagaio Pandorga", que há 25 anos é tema de abertura do programa Pandorga da TVE: “eu recebi muitas cartas de crianças querendo saber quando eu faria um CD destinado aos pequenos. Esse sonho foi amadurecendo. Mais tarde montei um musical que se chamou “O Ônibus do Sobe e Desce” que foi apresentado em vários lugares como shoppings e escolas. Na continuação eu e o Nelson Coelho de Castro fomos convidados para apresentar um show dentro das comemoração da semana da criança. Ele com o espetáculo “A Cidade do Lugar Nenhum” e eu com “O Ônibus...”

A partir daí Gelson começou a trabalhar nas músicas e uma das primeiras compostas foi “O Cavalo Azul” que é aquela que abre o CD. Já com idéias na cabeça o músico porto-alegrense foi atrás de patrocínio para viabilizar o projeto conseguindo através do Fumproarte. Cercado de um timaço de músicos, entre eles Pedro Tagliani e Edinho Espíndola e tendo na produção ele e Marisa Rotenberg conseguiu finalizar o trabalho que acabou, merecidamente, recebendo o Prêmio Açorianos.

No dia 4 de dezembro, num sábado, Gelson levou a banda toda para um show no Salão pequeno da UFRGS que estava com muitas crianças acompanhadas pelos pais. Diz Gelson: “é muito bom poder trabalhar com instrumentistas deste quilate no palco. Não que voz e violão não seja interessante. É um outro proceder musical. E em 2016 retomamos o espetáculo já com várias propostas de a gente viajar pelo Rio Grande do Sul e quem sabe em outros estados que já acenaram com essa possiblidade”.

Em verdade existem algumas iniciativas voltadas para esse público como “A Palavra Cantada” de um grupo paulista, algumas outras produções individuais e paramos por aí. Portanto é preciso muita motivação para fazer música pros baixinhos: “eu já fui criança e não matei a criança que fui. O que difere uma pessoa de outra são aquelas que conseguiram conservar o espírito infantil e até uma certa inocência necessária na vida. É um outro olhar. Mais sincero, de dizer o que pensa, brincar e lembrar da época das brincadeiras, tudo que eu canto, como pular corda, brincadeira de roda, isso aí nada é ficção. Eu vivi mesmo. Portanto não foi nada difícil conceber as músicas para este CD”.

O interessante é que o músico passeia por ritmos brasileiros enraizados na memória como marchinhas, xotes e outros que estão no inconsciente coletivo: “Existem tantos ritmos que nem caberiam num CD. Mas eu estou contribuindo a minha maneira de poder passar um frevo, uma marcha-rancho, aquele embalo de festas de São João, de quadrilhas. Enfim, eu procurei colocar o maior número de informações possíveis até porque os ritmos brasileiros são riquíssimos”, completou o músico.

No show do dia 4  a criançada, atendendo ao pedido do compositor,  cantou junto os refrões, o que mostra que as músicas conseguiram entrar no imaginário infantil, o que são poucos aqueles que conseguem tal feito. Salve Gelson Oliveira e seu incrível “O Ônibus do Sobe e Desce” e que o trabalho possa ser aproveitado por professores de música que têm um trabalho voltado para esse público.

Tópicos:

Produção: Gelson Oliveira e Marisa Rotenberg.

Estúdio de Gravação: Passarim Música e Arte (Porto Alegre) e Pedra Sonora (Florianópolis).

Produção Executiva: Márcio Gobatto.

Músicos:

Esdínho Espíndola: bateria

Beto Bongô: coquinho

Etore Bacci: congas

Pedro Tabliani: violão

Marisa Rotenberg: programação, instrumentos e vocais:

Patrícia vieira Reis: voz

Aline Sandoval: voz

Renato Mujeiko: baixo

 

 

MARCUS MELLO FALA SOBRE A CINEMATECA CAPITÓLIO

Adquirido pela prefeitura de Porto Alegre em 1994, o antigo Cine-Theatro Capitólio, desde então passou a ser objeto de atenção e preservação da comunidade cinematográfica porto-alegrense. E foi somente em 2003 que uma parceria entre a Prefeitura, a FUNDACINE (Fundação Cinema RS e a AAMICA (Associação dos Amigos do Cinema Capitólio) que o projeto tomou forma e começou a sair do papel.

Marcus Mello, Coordenador de Cinema Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura e também diretor da Cinemateca Capitólio relata: “a cinemateca foi criada com dois objetivos principais:  primeiro o de recuperar e  preservar uma antiga sala de cinema de Porto Alegre, da chamada fase de ouro, quando foram construídos grandes palácios que acabaram todos eles desaparecendo, e o segundo de dotar este espaço dos mais variados itens  relacionados ao cinema como guarda e  preservação da memória cinematográfica do Rio Grande do Sul”.

Foi somente em 2010 que a Cinemateca recebeu o patrocínio do BNDS, com recursos destinados aos sistemas elétricos e de climatização, aquisição de mobiliário e outros equipamentos e em 2011 a prefeitura firmou convênio com o Ministério da Cultura, assegurando ainda mais recursos para a conclusão do projeto. Foi somente em Abril de 2014 que a sala foi oficialmente inaugurada e reintegrada ao espaço urbano da cidade.

Mello fala também sobre o surgimento da sala na década de 20: “O prédio foi construído em 1928 por Jose Faillace, um alfaiate de Porto Alegre, apenas com suas economias, e na época foi o cinema mais luxuoso do Rio Grande do Sul e sempre teve um papel importante na vida cultural do Estado”.

A sala de exibição mantém as características originais e a mesma arquitetura da tela sendo que a platéia foi adaptada para o formato stadium. Tem capacidade para 164 pessoas e também espaço para cadeirantes.

Existem espaços distribuídos em quatro pavimentos onde estão distribuídas uma Sala de Exposições, Sala Multimídia, Biblioteca, Cafeteria e Sala de Pesquisa.

Segundo o coordenador, o Capitólio não tem obrigação de competir com outros  que exibem blockbusters. “Ele é um cinema alternativo até pela sua condição de ser de calçada na região central da cidade. Mas sua proposta não é o de ser um cinema de gueto por isso deveremos ter uma programação bem diversificada que atenda aos diferentes tipos de público”.

Na sua área de acervo a Cinemateca reúne filmes realizados em distintas bitolas como 35mm, 16mm, 8mm, VHS, DVD, HD. As duas  Salas de Pesquisa possuem filmes e  aparelhos de DVD e monitores de televisão e são de uso gratuito, sendo disponibilizados mediante agendamento prévio pelo telefone 3289-7463.

Marcus Mello diz que a sala ainda carece de melhor equipamento de projeção: “neste primeiro momento temos apenas dois projetores de 35mm e hoje os filmes novos estão sendo lançados em formado digital,  então ainda não estamos conseguindo exibir alguns que gostaríamos pois a idéia seria a de em cada horário exibir filmes diferentes como por exemplo um  atual de ação e após um clássico dos anos 50, mas para  isso ainda estamos tolhidos tecnicamente”.

Atualmente a cinemateca oferece três horários de exibição: Às 16, 18 e 20 e o preço do ingresso é o de 10 reais.

Marcus fala também sobre a diferença do Capitólio e a sala P.F. Gastal, também administrado pela prefeitura: “A P.F. Gastal tem um público fiel. É um perfil de cinema mais autoral pois exibe muitas produções experimentais enquanto que no Capitólio a gente quer manter uma programação mais eclética mais diversificada”. Diz Marcus Mello sobre as P.F. Gastal: “ainda sofremos alguns problemas de infra-estrutura da Usina do Gasômetro pelo fato de sua localização. É um espaço que tem enfrentado muitos problemas como o não funcionamento dos elevadores, falta de água, estacionamentos fechados à noite, mas podemos dizer que é uma sala que vingou, que tem o seu público. Mas isto deve mudar a médio prazo pois porque a usina vai passar por uma mega-reforma dentro do projeto de revitalização da orla e toda sua parte elétrica será refeita bem como ar-condicionado que será trocado além do desenho do espaço que será refeito embora mantenha suas características arquitetônicas do prédio que é tombado. Talvez daqui a dois anos esta obra esteja concluída”.

Concluindo, o coordenador destaca a capital do estado dentro do cenário alternativo brasileiro: “Porto Alegre está muito bem servido em termos de cinema alternativo. Nós somos uma das cidades que mais tem salas, onze, enquanto que outras capitais tem no máximo uma ou duas. Então isso nos coloca numa posição bastante privilegiada em relação a outros centros. O que precisamos ampliar é o público freqüentador desse circuito, até pelo fato de estas salas estarem todas concentradas no centro, próximas umas das outras”.

Então, se você curta um lugar para assistir algumas produções diferentes, raras, de outros países, cineastas desconhecidos por aqui comece a frequentar estas dois locais, o Capitólio na esquina da Demétrio com Borges e a P.F. Gastal na Usina do Gasômetro, onde muitas sessões são franqueadas. Aproveite.

 

 

 

 

O REI DO PORNÔ NO CORAÇÃO DO BOM FIM

 

Quem passa na Oswaldo Aranha 992, antes do Ocidente já deve ter notado, ou entrado, no prédio de dois andares mais sub-solo e que abriga, segundo seu proprietário Hilton Zilberknopa, a  maior locadora do mundo no gênero pornô. “A Zil Vídeo foi criada em 1987, no mês de Outubro, pelo meu irmão Celso, então agora completamos 28 anos. Seu primeiro endereço foi  na Oswaldo Aranha 1092 sala 9. No atual estamos desde abril de 1989”.

Hilton também explica porque sua locadora é diferente das demais: “Em primeiro lugar eu tenho VHS, todos os gêneros, desde os filme clássicos, suspense, infantil, bíblico, guerra e pornô também, em DVD,  este em torno de 28 mil, que é o carro-chefe. Não tenho blue-ray, então é uma loja completamente diferente de qualquer outra. Não tem parâmetro de comparação. Mas no montante de filmes com certeza é a maior, pois nem no exterior já vi coisa igual”.

A loja possui um acervo de gêneros clássicos e nacionais que a fizeram referência no Brasil inteiro, pois muitos títulos que não haviam em outros centros eram achados aqui. Todo o pessoal que freqüentou espaços alternativos que exibiam filmes raros tinha como referência a Zil Vídeo. “Hoje, o aluguel de fitas VHS é só para o colecionador mais específico pois são títulos que não existem em outro formato”.

No entanto o empresário se queixa do momento atual, onde muitas locadoras estão fechando suas portas. “O mercado caiu muito. Pra você ter uma idéia, até as empresas distribuidoras como ‘Explícita’, ‘Buttworld’, ‘Brasileirinha’, ‘Vivid’, ‘Buttman’, aqui no Brasil não estão mais distribuindo. Então em tenho que mandar buscar no exterior e aí são filmes que não tem nem legenda”. Hilton elenca ainda outros fatores: “As locadoras não souberam passar o VHS para o DVD, aí veio a internet, pirataria, enfim hoje o mercado no Brasil é muito ruim”.

Segundo ele, o melhor momento foi na década de noventa onde a loja tinha dois turnos de funcionários e um movimento constante sendo que hoje trabalha com uma clientela menor porém fiel.

Somando os 28 mil DVDs pornôs a loja possui um acervo de mais de 40 mil em VHS em todos os outros gêneros, o que dá um total, mais ou menos, de 68 mil títulos. Então se você encontrar alguma outra loja com números maiores que este me avisa, o que eu acho que vai ser bem difícil. E pra quem não conhece, é só chegar.......

 

ANA LONARDI FALA SOBRE O FILME NERVOS DE AÇO

                     

Assista o trailer aqui: https://www.youtube.com/watch?v=6WnEaKMja90

Nervos de Aço, produção gaúcha de Claudinho Pereira fez sua pré-estréia no dia 4 de agosto na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mário Quintana. Com um Montante de 1 milhão e 200 mil o filme foi contemplado no edital de 2013 de Finalização de Longas Metragens com recursos da FAC/RS.

O roteiro é bastante inventivo e inusitado pois parte de  uma história elíptica onde uma banda prepara um show com músicas de Lupicínio Rodrigues e através delas os personagens vivem seus envolvimentos passionais e onde as músicas muitas vezes servem de falas e respostas entre a trupe.

 Maria Rosa (Ana Lonardi), a cantora vive com o diretor do espetáculo (Arrigo Barnabé), mas também tem um caso com um músico da banda (Pedro Sol). Esse triângulo é que se sobressai na história que é pontuada pelas músicas de Lupi.

 Todas as partes musicadas foram feitas ao vivo no teatro da casa de cultura Mario Quintana, ou seja, som direto e uma super-banda onde se destacam o próprio Arrigo, Jorginho do Trumpete, Antonio Luis Barker, Guaraci Guimarães, Sérgio David, Rafael Marones, e com arranjos de Matias Capovilla. Algumas poucas cenas externas foram rodasas em locais de Porto Alegre, como por exemplo o Cais do Porto. Participa do elenco também a atriz Juliana thomaz.

Os produtores agora estão negociando para que o filme possa entrar em circuito comercial.

1) Como foi o teu envolvimento no filme?

- O Maurice Capovilla estava procurando uma cantora gaúcha que pudesse lançar através do filme Nervos de Aço e fiquei sabendo através da produtora Ângela Flack, a quem estava me associando na época que me recomendou um encontro com ele. O Claudinho Pereira um dos produtores do filme também buscava uma cantora e conseguiu um encontro num restaurante onde eu acabei cantando à capella para os dois, isso em 2010

2)  Ana como foi cantar Lupicínio?

- Emocionalmente é muito tenso e é preciso dar  um mergulho muito grande no seu universo sentimental para poder passar pras pessoas o que ele sente. E o Lupicínio trata de sentimentos que são difíceis como raiva, decepção, traição e chega nos extremos do ser humano e pra eu encarnar essa personagem eu tive que entrar em contato com os meus extremos emocionais e isso é um desafio muito grande, porque não é só o trabalho de entrar mas também de sair do personagem. E também vocalmente porque era um trabalho com uma super-banda com naipes de sopro e tinha que ter timbres de vozes mais marcantes onde a minha  tinha de se sobressair naquele contesto.

3)   Ana conta como foi o trabalho de atuação?

- Olha eu não sou atriz e nunca havia atuado a não ser peças na escola mas contei com a ajuda de um amigo que é ator o Felipe Mônaco com o estudo dos textos e sub-textos e entender melhor a história e ver de onde eu poderia buscar recursos para interpretar a Maria Rosa (uma das personagens do filme) e também a direção do Mauricio Capovilla que é muito orgânico além da interação com o Arrigo Barnabé que contribuiu bastante.

Na Trilha do Clovis

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